São Paulo – O presidente da Volkswagen para a América Latina, Pablo Di Si, terá nos próximos dias novas rodadas de reuniões com as diretorias dos sindicatos dos metalúrgicos que representam os trabalhadores das regiões onde a companhia mantém fábrica no Brasil. A pauta será a renovação do Programa Emergencial de Emprego e Renda, criado pela MP 936 e que se encerraria ao fim de julho mas que, na segunda-feira, 6, tornou-se a lei 14 020 sancionada pelo presidente da República, Jair Bolsonaro.
Di Si não acredita em eventuais barreiras para a renovação: “É basicamente prorrogar aquilo que já foi acordado em março. Ajuda no curtíssimo prazo. É claro que toda flexibilização é muito bem-vinda e essas medidas são necessárias, mas a solução para o emprego não passa por aí. Estamos diante de um novo tamanho de mercado e precisaremos nos adequar a ele”.
O presidente da Volkswagen justifica sua preocupação à vista dos números. Em junho as vendas fecharam em queda de 40% na comparação com igual mês de 2019 e, nos primeiros dias de julho, o saldo é de 50% de recuo com relação ao mesmo período do ano passado. A indústria que estava preparada para fazer crescer 10% as vendas deverá fechar o ano com queda de 40%, segundo as projeções da Anfavea.
Há, portanto, excesso de capacidade ociosa e de mão de obra – e as medidas de flexibilização não deverão ser perenes, uma vez que demandam investimento de um governo federal cada vez mais endividado. Na opinião do executivo o governo deveria preparar mecanismos para estimular a economia.
“Precisamos olhar do médio a longo prazo, pensar em pacotes, a exemplo do que vem sendo feito em outros países, para estimular o consumo, ajudar as pequenas e médias empresas. Em situações como essas a corda começa a arrebentar do lado mais fraco.”
Este lado mais fraco são os fornecedores: Di Si afirmou que houve casos de pequenos fabricantes que precisaram fechar as portas, sem condições de retornar, por não ter acesso a linhas de financiamentos – linhas, essas, que a indústria foi negociar com o governo logo no início da pandemia e não obteve sucesso.
Outra questão que deverá ser levada ao governo nas próximas semanas, ou meses, será a meta de eficiência energética definidas pelo Rota 2030. Segundo Di Si elas deverão continuar valendo mas os prazos precisarão ser mais alongados, uma vez que as empresas queimaram caixa nas últimas semanas para atravessar a pandemia. E avisou:
“Se não houver prorrogação de prazos existe uma maneira simples de resolver: eu começo a importar híbridos e elétricos da Europa. Assim atingimos a meta, mas criamos um novo problema, que são os empregos fechados no Brasil. Todos temos como importar modelos elétricos e atingir a meta, mas essa não é a nossa vontade, pois temos responsabilidade social com o País”.
Errata. Ao contrário do publicado originalmente ainda é preciso um decreto para que seja possível prorrogar os acordos do Programa de Manutenção de Emprego.
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