São Paulo – O aquecimento do segmento de delivery e a disparada dos preços dos combustíveis ajudaram a acelerar a produção dos veículos de duas rodas ao longo do ano passado, que atingiu total de 1 milhão 195 mil unidades, 233,1 mil a mais do que em 2020, alta de 24,2%. Os números superam os balanços dos últimos cinco anos e encostam no patamar de 2015, quando 1 milhão 262 mil motocicletas foram produzidas.
Embora não receba impacto tão forte causado pela crise dos semicondutores o segmrnto não passou exatamente ileso e sofreu com gargalos na logística que atrasaram a entrega de componentes, o que também ganhou força com as ondas de covid e a paralisação de empresas da cadeia de fornecedores.
O baque do início do ano passado, quando Manaus, AM, onde está localizada a maior parte das montadoras, foi fortemente atingida pelo coronavírus e o ritmo de produção despencou, refletiu no balanço de 2021. Em janeiro e fevereiro o volume fabricado ficou na casa das 50 mil unidades, o que gerou defasagem em torno de 100 mil motocicletas, exatamente o volume estimado de lista de espera nas revendedoras, traduzido em demora de cerca de trinta dias, principalmente para modelos de baixa potência e scooters, afirmou presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, durante coletiva de imprensa na quinta-feira, 20: “A produção não acompanhou a demanda, o que gerou desabastecimento”.
Durante o ano passado foram vendidas 1 milhão 156 mil unidades, volume 26,3% superior ao registrado em 2020, o equivalente ao acréscimo de 240,9 mil motos. Os modelos mais procurados foram as scooters, que atendem também o segmento de delivery, com 107,3 mil unidades, 40,9% mais que em 2020, e as big trails, voltadas para o lazer e adequadas às estradas brasileiras, com 21,9 mil unidades, expansão de 40,6%.
As exportações cresceram 58,4%, totalizando 53,5 mil motocicletas, 19,9 mil a mais que no ano anterior. O principal destino das duas rodas made in Brasil foi a Argentina, 28,7% do total, com 16,1 mil unidades. A Colômbia veio na sequência, com 12,5 mil motos, 22,4%, e Estados Unidos, em terceiro, com 11,6 mil, 20,8%.
Embora Fermanian tenha ponderado que as motos de baixa cilindrada, até 160 cm3 de cilindrada, que representam 80,7% da produção, possuam nível de nacionalização elevado, com até 90%, o ritmo de fornecimento das cadeias locais também foi afetado pela pandemia. Tanto que em dezembro, momento em que a população tem acesso a recursos extras, como o décimo-terceiro salário, e em que o verão estimula a procura por veículos de duas rodas, houve recuo de 32,9% na produção com relação a novembro, com 76,4 mil unidades, por causa das férias coletivas mais amplas em virtude do cenário de falta de componentes. Nessa mesma comparação os emplacamentos avançaram 6,3%, com 112,4 mil unidades: “
Justamente quando havia mais pontos a favor das vendas tivemos produção reduzida e, portanto, menor oferta".
É preciso colocar nessa conta, segundo o presidente da Abraciclo, problemas com o frete internacional marítimo, que também contribuiu para a redução da oferta e teve seu custo disparado: o custo por contêiner era de cerca de US$ 4 mil no início do ano e chegou a US$ 20 mil em dezembro. Esse impacto, somado à inflação, que variou 10% ao longo do ano passado, resultou no aumento de até 15% nos preços dos modelos de entrada, os mais vendidos.
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