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Ano 34 | Novembro 2025 | Edição 427 MELHORES DO SETOR AUTOMOTIVO ESPECIAL Vitórias de inovação e sustentabilidade Boreal coloca Renault no andar de cima From the Top Emanuele Cappellano Personalidade do Ano

» ÍNDICE Novembro 2025 | AutoData Divulgação/Renault 8 96 FROM THE TOP OS INVESTIMENTOS Emanuele Cappellano, Personalidade do Ano do Prêmio AutoData 2025, fala de sua passagem na Stellantis América do Sul. Tabelas atualizadas mostram onde estão sendo aplicados os ciclos bilionários dos fabricantes de veículos. GENTE & NEGÓCIOS Notícias da indústria automotiva e movimentações de executivos pela cobertura da Agência AutoData. 102 108 FIM DE PAPO As frases e os números mais relevantes e irrelevantes do mês, escolhidos a dedo pela nossa redação. Seminário debateu as opções do País para descarbonizar emissões Premiados de 2025 focam em inovação e sustentabilidade Brasil tem potencial de aumentar uso do biocombustível gasoso Setor automotivo mostra suas soluções na conferência do clima EVENTO AUTODATA DESCARBONIZAÇÃO PRÊMIO AUTODATA OS MELHORES OPÇÃO VERDE BIOMETANO COP 30 INICIATIVAS 36 18 52 44 Nova geração do SUV tem tamanho de HR-V e preço menor O&J traz ao Brasil mais dois SUVs híbridos e promete produção local Stellantis dá largada na venda de elétricos da sócia chinesa Fabricante usa linha de R$ 2,3 bi do BNDES para eletrificar modelos Fábrica argentina produzirá versão híbrida plug-in da Ranger Em evento global fornecedores brasileiros são premiados Carro elétrico de entrada bate forte na concorrência LANÇAMENTO 4 HONDA WR-V LANÇAMENTO 3 OMODA 5 E 6 LANÇAMENTO 2 LEAPMOTOR C10 INVESTIMENTO 1 VOLKSWAGEN INVESTIMENTO 2 FORD PRÊMIO STELLANTIS LANÇAMENTO 1 GEELY EX2 86 82 78 90 92 100 76 Nova linha vai montar chassi próprio de ônibus elétrico INVESTIMENTO 3 ELETRA 94 34 RESFRIAR 42 MARELLI 60 MERCEDES-BENZ 74 3M 88 TOYOTA A PRODUÇÃO O CARRO TECNOLOGIA E SEGURANÇA O PLANO ESPECIAL RENAULT BOREAL 66 72 62 70

» EDITORIAL AutoData | Novembro 2025 Diretor de Redação Leandro Alves Conselho Editorial Isidore Nahoum, Leandro Alves, Márcio Stéfani, Pedro Stéfani, Vicente Alessi, filho Redação Pedro Kutney, editor Colaboraram nesta edição André Barros, Caio Bednarski, Lucia Camargo Nunes, Soraia Abreu Pedrozo Projeto gráfico/arte Romeu Bassi Neto Fotografia DR/divulgação Capa Fotos Bruna Nishihata e divulgação/Renault Comercial e publicidade tel. PABX 11 3202 2727: André Martins, Luiz Giadas e Rosa Damiano Assinaturas/atendimento ao cliente tel. PABX 11 3202 2727 Departamento administrativo e financeiro Isidore Nahoum, conselheiro, Thelma Melkunas, Hidelbrando C de Oliveira, Vanessa Vianna ISN 1415-7756 AutoData é publicação da AutoData Editora e Eventos Ltda., Av. Guido Caloi, 1000, bloco 5, 4º andar, sala 434, 05802-140, Jardim São Luís, São Paulo, SP, Brasil. É proibida a reprodução sem prévia autorização mas permitida a citação desde que identificada a fonte. Jornalista responsável Leandro Alves, MTb 30 411/SP autodata.com.br AutoDataEditora autodata-editora autodataseminarios autodataseminarios Por Pedro Kutney, editor Histórias de competência Algumas das histórias contadas nesta AutoData revelam notáveis evoluções da indústria automotiva instalada no Brasil, com ganhos poucas vezes vistos de protagonismo e independência com relação às matrizes no Exterior. O Prêmio AutoData 2025, retratado nesta edição, mostra algumas dessas histórias ao reconhecer os Melhores do Setor Automotivo, que este ano foram premiados especialmente pelos seus esforços de inovação e sustentabilidade. A começar pela Marcopolo, eleita Empresa do Ano do Prêmio AutoData. A multinacional brasileira mostrou a competência crescente de sua engenharia ao projetar e colocar no mercado o Attivi, seu primeiro ônibus urbano 100% elétrico com chassi, powertrain e carroceria desenhados dentro de casa, na Serra Gaúcha. Eleito Personalidade do Ano pela liderança à frente da Stellantis América do Sul, Emanuele Cappellano já colocou o troféu na mala e partiu para liderar a companhia na Europa, não sem antes conceder entrevista ao From The Top deste mês, em que é enfático: “O Brasil definiu um caminho de descarbonização sustentável, que passa pela localização de competências de fornecedores, da engenharia. É um percurso em que todos ganham, principalmente os consumidores que têm acesso a produtos com pegada de descarbonização muito maior e mais sustentável do que em outros países”. É justamente disto que o governo brasileiro e empresas tentam convencer o resto do mundo na COP 30, em Belém, PA. Ainda que com sucesso limitado pela arrogância dos países desenvolvidos é sempre bom lembrar que existem soluções bem mais simples, baratas e efetivas para ajudar a descarbonizar o planeta, como mostra reportagem desta edição sobre as iniciativas do setor automotivo no evento global. Outro bom exemplo de competência local está sendo dado pela Renault com o lançamento do SUV Boreal, um veículo global, com padrão de qualidade global e tecnologias avançadas, projetado com capricho e muito competentemente bem desenhado sob a liderança de centenas de engenheiros e designers alocados na subsidiária brasileira do grupo, além de muitos fornecedores locais. Esta é mais uma das muitas histórias de competência brasileira em fazer veículos que contamos nas páginas a seguir.

o SUV mais premiado do país o motor 1.0 turbo mais forte do Brasil(1) novo painel digital de 10” novo openR link de 10.1” com espelhamento sem fio de smartphone 13 sistemas avançados de assistência de direção RENAULT KARDIAN descubra

renault.com.br Renault recomenda (1) afirmação de motor mais forte do Brasil, baseado na unidade Newton metro, com base no Sistema Internacional de Unidade.

8 FROM THE TOP » EMANUELE CAPPELLANO, STELLANTIS Novembro 2025 | AutoData Liderança serena Os outubros têm sido marcantes na vida do economista Emanuele Cappellano. Primeiramente porque marca o começo de sua própria existência: é seu mês de aniversário. Mas nos últimos quatro anos essa correlação se aprofundou. Após trabalhar, desde 2002, nas áreas de controladoria e finanças do então Grupo Fiat, na Itália, quando a empresa tornou-se FCA, em 2014, Cappellano foi transferido para a operação brasileira e, sete anos depois, em outubro de 2021, no posto de CFO da recém-formada Stellantis, decidiu deixar a empresa para um novo desafio em uma fabricante de óculos. Mas dois anos depois, justamente em outro outubro, o de 2023, ele voltou. Antonio Filosa foi transferido para os Estados Unidos e deixou o posto de presidente da Stellantis América do Sul para o colega Cappellano, que não pensou “nem 2 segundos para aceitar o convite” de voltar ao País de que já gostava e ao setor automotivo de que gosta mais ainda. Coube a ele anunciar e levar adiante o maior plano de investimento de uma fabricante de veículos no Brasil, de R$ 30 bilhões até 2030. E este ano foi novamente em outubro que a vida mudou: Cappellano foi puxado pelo agora CEO global Filosa para liderar as operações do Grupo Stellantis na Europa e deixa o Brasil de novo no mesmo mês. Mas não sem antes receber o troféu, também em outubro, de Personalidade do Ano do Prêmio AutoData 2025 – também no mesmo mês em que Filosa recebeu o mesmo reconhecimento antes de deixar o Brasil, há dois anos. Aqui seu estilo sereno e agregador de liderar agradou muita gente, decerto tornou mais fácil a missão de deixar bem desenhado um caminho de futuro para a Stellantis na região, focado na descarbonização possível e acessível, que Cappellano diz levar na mala consigo para a Europa. De todas as ações que conduziu no Brasil quais foram determinantes, na sua opinião, para ser escolhido personalidade do ano do Prêmio AutoData? Houve nos últimos dois anos um esclarecimento com relação àquilo que deveria ser a transição energética para a descarbonização da indústria automotiva. Neste sentido a Stellantis conseguiu dar uma indicação bem clara do que poderia ser um caminho para descarbonizar o setor de forma sustentável. Anunciamos um plano de investimento, junto com toda a indústria, que acompanhou a aprovação do Mover [Programa Mobilidade Verde e Inovação] de um jeito que, de fato, define as prioridades estratégicas da indústria automotiva no País. Talvez este seja um dos elementos maiores para o reconhecimento do papel da Stellantis. Sob sua direção a Stellantis continuou sendo líder absoluta de vendas no mercado brasileiro e também na América Entrevista a Pedro Kutney Clique aqui para assistir à versão em videocast desta entrevista

9 AutoData | Novembro 2025 Foto: Bruna Nishihata

10 FROM THE TOP » EMANUELE CAPPELLANO, STELLANTIS Novembro 2025 | AutoData as oportunidades comerciais. Também existem sinergias, porque quando se junta duas empresas que têm patrimônio histórico e industrial tão forte abre-se a possibilidade de aproveitar as melhores coisas dos dois mundos, as melhores práticas, para alavancar os pontos de força das duas corporações. Então é maior, é mais complexo, mas também gera muitas oportunidades e muitas sinergias. De todas as marcas que a Stellantis tem na América do Sul qual ou quais merecem mais atenção neste momento ou talvez uma redefinição de estratégia? Não digo redefinição de estratégia, mas quando eu vejo a América do Sul e o Brasil, existem ainda muitas oportunidades a aproveitar. Por exemplo: com uma marca forte como a Ram podemos ampliar a oferta de picapes, para sermos mais competitivos com mais produtos. Hoje há pouquíssima produção de picapes de grande porte no Brasil e na América do Sul. Por que não explorar isso? A Stellantis também entrou em novos segmentos da cadeia de valor ao adquirir a DPaschoal, que deu à empresa participação no mercado de pós-venda independente. Esta ampliação dos negócios é uma estratégia global ou a iniciativa é regional? A ampliação do negócio faz parte de uma estratégia global, especialmente nas atividades de aftermarket. Existe um comportamento muito diferente dos consumidores nos dois períodos de vida do carro, durante a garantia e depois dela. O mercado independente de reparação e reposição de peças trabalha muito com o carro depois da garantia. No Brasil este “ A regionalização da engenharia, do design, dos fornecedores, de toda a cadeia produtiva, são elementos fundamentais que sustentam a liderança da Stellantis na região.” do Sul. Talvez isto também seja bom motivo para reconhecê-lo. Quais as decisões que que tomou ao longo destes dois anos à frente da operação sul-americana para consolidar essa posição? Penso que foi apostar muito na regionalização da engenharia, do design, dos fornecedores, de toda a cadeia produtiva, porque são estes os elementos que contribuem para o sucesso dos produtos na região, onde temos estabelecido um portfólio de marcas muito forte, como Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e outras. Todas receberam investimentos regionais e já investimos também no futuro, olhando para a necessidade de introduzir tecnologias locais focadas na descarbonização. Depois de sete anos no Brasil o senhor saiu da companhia, em 2021, e retornou em 2023 em uma situação bem diferente, para liderar as operações de sete marcas e seis fábricas. Este tamanho da corporação tornou a sua tarefa mais difícil? O tamanho maior da empresa certamente aumenta a complexidade da gestão, mas precisamos considerar alguns pontos. Em primeiro lugar as nossas marcas são muito complementares, o que amplia

11 AutoData | Novembro 2025 Então penso que estamos no começo de uma oportunidade que vai se tornar ainda maior nos próximos anos. Outra novidade na sua gestão foi a chegada da operação de mais uma marca, da sócia chinesa Leapmotor, com veículos eletrificados importados da China. Quais as suas expectativas sobre esta nova operação? Minha participação foi muito ativa porque o lançamento de uma marca não é algo que se prepara de um dia para o outro. Foram quase dois anos de trabalho. Minha expectativa agora é oferecer uma opção às outras marcas que estão chegando, com as características dos produtos com origem na China, e algo a mais, que é a força, a capacidade e o conhecimento do mercado que tem a Stellantis. Nesse sentido acho que a operação será bastante sinérgica. O senhor já deixou pronto para o seu sucessor o planejamento da operação de produção da Leapmotor no Brasil? A Stellantis montará, mesmo, veículos chineses nas fábricas da América do Sul? Eu tenho a certeza de que o Herlander Zola [agora presidente da Stellantis América do Sul], na hora certa, falará sobre isto. Mas posso falar com transparência que a Stellantis mantém presença muito forte no Brasil, somos brasileiros há cinquenta anos ou mais, então é difícil pensar em uma operação que seja completamente avulsa desse nosso DNA. Em 2024 o senhor anunciou o maior investimento de uma fabricante de veículos no Brasil, de R$ 30 bilhões até 2030, e mais R$ 2 bilhões para a Argentina, que “ Existem muitas oportunidades na região. Por exemplo: com uma marca forte como a Ram podemos ampliar a oferta de picapes. Hoje há pouquíssima produção de picapes de grande porte na América do Sul. Por que não explorar isto?” negócio é ainda maior porque o setor de aftermarket tem relevância muito grande, mas ainda precisa de consolidação. Nessa perspectiva a América do Sul, e o Brasil em particular, representa uma oportunidade comercial de ficar mais próximo do consumidor muito interessante. Globalmente a Stellantis vem fazendo investimentos consistentes na geração de valor por meio da economia circular. Este ano investiu em uma desmontadora de veículos aqui no Brasil. Quais são os objetivos dessa iniciativa e como isso pode evoluir aqui? É uma atividade que está começando, assumindo relevância e vai continuar a crescer, inclusive pelo impulso das regulamentações do Mover. Fazer economia circular ajuda no processo de descarbonização, na sustentabilidade da frota circulante e, também, é uma forma de ficar mais próximo dos consumidores. Uma peça reutilizada com avaliação e certificação da montadora tem valor agregado que pode ser desenvolvido.

12 FROM THE TOP » EMANUELE CAPPELLANO, STELLANTIS Novembro 2025 | AutoData resultará na transformação completa do portfólio de produtos da Stellantis na região, com foco na descarbonização da propulsão. O cronograma segue dentro do planejado? Tudo segue conforme o planejado. Temos uma atenção muito grande do grupo na América do Sul. Então estamos indo em frente. Já lançamos quatro carros que são os pioneiros deste plano, dois Fiat [híbridos leves Pulse e Fastback], no fim de 2024, e em junho os Peugeot 208 e 2008 [com o mesmo sistema]. Agora vamos seguir com mais novidades, mais inovações. Não será muito longe, porque é um plano consistente que ano após ano colocará no mercado novas tecnologias, novos veículos. Estamos indo forte neste sentido e não é por acaso que temos um centro de engenharia ainda mais forte. Este ano já aumentamos o nosso pessoal lá. Por coincidência ou não, nestes vários outubros marcantes da sua vida, o senhor recebeu o troféu de Personalidade do Ano do Prêmio AutoData 2025 no mesmo momento em que ganha novas atribuições no grupo: está deixando a liderança da Stellantis na região da América do Sul para assumir a Europa. Aconteceu quase igual com seu antecessor, Antônio Filosa, que em outubro de 2023 ganhou o mesmo prêmio e deixou o País. Qual é a sensação? Dever cumprido? Neste momento é necessário agradecer toda a equipe da Stellantis, que trabalha no dia-a-dia, no planejamento, na construção, na execução. Estou muito satisfeito pelo trabalho realizado nos últimos dois anos. Acho que houve entendimento e convergência muito grandes para as que são as necessidades do País. Estou saindo mas deixo desenhado um plano industrial e de produto muito forte e em evolução. O senhor já começou a trabalhar na Europa, onde assumiu a direção da Stellantis na região e das marcas europeias. Quais são os seus novos desafios? Será mais difícil do que foi na América do Sul? O desafio na Europa é muito grande. Todas as regiões voltaram a um tamanho de mercado igual ou maior do que o de 2019, todas estão crescendo e a única que não está é a Europa, que em poucos anos perdeu cerca de 3 milhões de carros por ano. Existe um desafio muito maior, com relação à América do Sul, sobre a transição tecnológica, pois a regulamentação da União Europeia está forçando a implementação de carros elétricos, mas a infraestrutura não está preparada e os consumidores não estão preparados para pagar pelo maior custo dessas tecnologias. Hoje esse descasamento de interesse dos consumidores, regulamentação, investimentos e atividades das montadoras está criando dificuldades muito grandes para a indústria europeia. Nessas poucas semanas em que estou na Europa aprecio ainda mais o trabalho e o desenho estratégico do Brasil, que definiu critérios para o processo de descarbonização com neutralidade tecnológica, utilizando os biocombustíveis como solução para obter exatamente os mesmos resultados que a União Europeia quer, mas com uma fórmula muito mais sustentável e acessível para os consumidores. Sua experiência no Brasil com os biocombustíveis pode de alguma maneira contri-

13 AutoData | Novembro 2025

14 FROM THE TOP » EMANUELE CAPPELLANO, STELLANTIS Novembro 2025 | AutoData buir e influenciar os mercados europeus para adotar esta energia de propulsão mais limpa? Existe oportunidade para isso na Europa? Acredito que sim. Está cada dia mais claro, para a União Europeia e para as montadoras, que as regras, da forma que estão, não são sustentáveis. Então está sendo conversada uma revisão dos princípios que devem guiar a descarbonização na região. A indústria está cobrando e a União Europeia está olhando com interesse para o princípio da neutralidade tecnológica, em que as empresas podem adotar soluções de descarbonização que são tão eficientes quanto os carros elétricos, mas que são mais sustentáveis. Os biocombustíveis são um exemplo disto e podem contribuir muito. O seu agora chefe, Antônio Filosa, e o senhor também, vêm dizendo que a União Europeia precisa redefinir as regras se quiser continuar a ter uma indústria automotiva forte e relevante. Na sua opinião essa redefinição vai de fato acontecer ou é muito mais conversa para ouvidos moucos? Acho que é uma necessidade, não tem saída, não tem plano B. A indústria automotiva na Europa é muito forte, emprega milhões de pessoas, e simplesmente as regras atuais são insustentáveis. Assim sendo creio no bom senso dos legisladores europeus para adaptar as regras, para que esta indústria seja sustentável. O senhor também lidera globalmente a ProOne, divisão de veículos comerciais da Stellantis. Qual é a importância dela para a companhia e em quais mercados estão os maiores desafios e oportunidades? “ O Brasil definiu um caminho de descarbonização sustentável, que passa pela localização de competências de fornecedores, da engenharia. É um percurso em que todos ganham, principalmente os consumidores que têm acesso a produtos com pegada de descarbonização muito maior e mais sustentável do que em outros países.” A importância da ProOne é muito relevante para Stellantis porque os veículos comerciais são muito importantes para a indústria. A Stellantis é líder absoluta deste segmento na Europa, na América do Sul, e tem participação forte na América do Norte, além de estar se tornando líder também na África e Oriente Médio. Portanto é estratégico para a empresa apostar no futuro dos veículos comerciais e providenciar soluções dedicadas aos consumidores profissionais, que são diversos do consumidor comum com CPF, porque olham para o custo de utilização do veículo, o consumo, a facilidade de acessar, a capacidade de carga. Quando recebeu o troféu do Prêmio AutoData o senhor declarou que deixa um futuro positivo para a Stellantis e a indústria automotiva no Brasil. Disse também que identificaram o caminho

15 AutoData | Novembro 2025 Seu colega Antonio Filosa saiu do Brasil há dois anos dizendo ter a certeza de que, um dia, voltaria a morar aqui. E o senhor: pensa em voltar? Estou saindo neste momento, mas posso afirmar com certeza: o Brasil é uma casa para mim. Eu cresci profissionalmente aqui, foram mais de dez anos [nas duas passagens], meus filhos cresceram aqui, são mineiros. Então é difícil sair sem pensar em voltar, faz parte do meu olhar para o futuro continuar a ter um carinho muito grande pelo País e, talvez, quem sabe, um dia voltar. Os últimos dois anos foram muito construtivos para mim e só posso agradecer a contribuição de todos. certo para a transformação tecnológica na região. Qual é este caminho e que futuro é este, exatamente? O Brasil definiu um caminho de descarbonização sustentável, sem limitar a capacidade de compra dos consumidores. Este caminho passa pela localização de competências de fornecedores, da engenharia dos fabricantes, de toda a cadeia produtiva. É um percurso em que todos ganham, a indústria, a cadeia produtiva e, mais do que isso, os consumidores que têm acesso a produtos com uma pegada de descarbonização muito maior e muito mais sustentável do que em outros países.

2025 O FUTURO DO SETOR AUTOMOTIVO É FEITO POR QUEM ACREDITA NELE.

PRÊMIO AUTODATA CELEBRANDO QUEM ACELERA O PROGRESSO. Em 2025, o Prêmio AutoData reconheceu as empresas que, com trabalho, visão e coragem, impulsionaram a transformação da indústria automotiva brasileira. A todas empresas que participaram desta edição, nosso reconhecimento e respeito. VOCÊS SÃO OS MELHORES DO SETOR AUTOMOTIVO 2025!

18 Novembro 2025 | AutoData PRÊMIO AUTODATA 2025 » RECONHECIMENTO Por Lucia Camargo Nunes Inovação e sustentabilidade destacam os vencedores do Prêmio AutoData 2025 Edição reformulada reconhece a excelência de executivos e projetos que impulsionam a nova mobilidade no Brasil Fotos: Bruna Nishihata

19 AutoData | Novembro 2025 Em sua 26ª edição consecutiva, o Prêmio AutoData reforça sua posição como o mais tradicional e relevante reconhecimento das iniciativas e excelência do setor automotivo brasileiro. Desde sua criação, em 2000, a premiação busca destacar fabricantes de veículos e de autopeças, seus executivos e produtos que fazem da indústria automotiva a principal atividade industrial da economia nacional. Este ano a premiação passou por uma reformulação em seu regulamento, para ampliar sua reputação e consolidar-se como um reconhecimento de maior relevância para todos os participantes. As mudanças buscaram aumentar a competitividade e valorizar os cases selecionados. Ao longo dos últimos doze meses 39 empresas, produtos e executivos que se destacaram no cenário automotivo brasileiro foram escolhidos pelos jornalistas de AutoData. A edição atual do prêmio apresentou onze categorias, com a reintrodução da categoria Powertrain. Dentre os vencedores das categorias empresariais um grupo especial de jornalistas, com longa carreira no País, escolheu a Empresa do Ano. O comitê deste ano foi formado por Márcio Stéfani e Vicente Alessi, filho, de AutoData, Cleide Silva, Emílio Camanzi e Fernando Calmon. A cerimônia de entrega dos prêmios ocorreu em 15 de outubro, no auditório do Centro Brasileiro Britânico, em São Paulo, e contou com a presença de executivos das empresas finalistas. O grupo musical Zé da Gente embalou o fundo musical do encontro. O evento foi transmitido ao vivo pelo canal AutoData TV no YouTube. Todas as empresas finalistas receberam diplomas reconhecendo sua posição entre os Melhores do Setor Automotivo 2025. Nas páginas a seguir estão alguns momentos da festa e todos os vencedores da noite.

20 Novembro 2025 | AutoData PRÊMIO AUTODATA 2025 » RECONHECIMENTO “ Foi uma surpresa para nós! Trabalhamos muito este ano, conseguimos realmente dar volta numa situação de mercado bem complicada. Esse prêmio é merecido pelo trabalho dos executivos e de todo o nosso time, que não mediu esforços para batalhar, lutar pelo sucesso do orçamento, por atingir as metas. Gostaria de dedicar esse prêmio a toda nossa equipe de gestão, que realmente se superou neste ano de 2025”, comemorou James Bellini, presidente do Conselho da Marcopolo, ao lado de Ricardo Portolan, diretor de operações comerciais de mercado interno e marketing. “ De um lado claramente estou muito triste por deixar o Brasil, com certeza ficarei com muita saudade após mais de dez anos na América do Sul. Do outro lado é uma emoção grande poder levar para fora aquilo que aprendi aqui. O prêmio é uma grande satisfação. Temos trabalhado muito em desenhar aquilo que pode ser e deve ser o futuro da mobilidade, o desafio ainda é grande, é uma transformação em curso, mas nós identificamos aquilo que achamos ser o caminho certo, sustentável, acessível para os consumidores e que considera aquela que é a matriz energética do País, os pontos de força do Brasil. Então, eu tenho confiança de estar deixando um futuro positivo para Stellantis e para a indústria automotriz”, celebrou o executivo. Emanuele Cappellano, por um futuro positivo Marcopolo, pela vocação para o pioneirismo PERSONALIDADE DO ANO EMPRESA DO ANO Fotos: Bruna Nishihata

21 AutoData | Novembro 2025 “ É um importante reconhecimento, reflete este momento de investimento recorde no Brasil, aumento de capacidade de produção de motores, de veículos, novos veículos híbridos flex. E chega num momento importante, porque nos ajuda a superar essa situação que passamos agora recentemente em Porto Feliz, com a tempestade que atingiu a nossa planta. Estamos trabalhando intensamente para reconstruir com apoio muito forte da matriz, dos nossos fornecedores no Brasil e de todo o nosso corpo de trabalhadores da Toyota”, celebrou Roberto Braun, diretor de comunicação da Toyota do Brasil. “ Estamos felizes porque a causa é a de veículos elétricos, uma bandeira que perseguimos e, de fato, estamos ampliando a linha de produção desses modelos, ampliando o portfólio e investindo forte nisso. Receber esta premiação, sem dúvida nenhuma, é uma coroação desse trabalho todo”, comemorou Curt Axthelm, gerente sênior de marketing do produto de ônibus da Mercedes-Benz do Brasil. Mercedes-Benz, com ônibus elétricos made in Brazil Toyota, pioneira e líder em híbridos flex MONTADORA DE VEÍCULOS COMERCIAIS MONTADORA DE AUTOMÓVEIS E COMERCIAIS LEVES Fotos: Bruna Nishihata

22 Novembro 2025 | AutoData PRÊMIO AUTODATA 2025 » RECONHECIMENTO “ É o reconhecimento de um trabalho duro, de trazer pioneirismo ao Brasil com o equipamento iTEBS® X, produzindo aqui um produto que foi desenvolvido pensando no mercado nacional. E mostra o compromisso da Knorr-Bremse com a inovação e com o mercado da América do Sul”, disse Rafael Pelizzari, diretor geral para operações na América do Sul da Knorr-Bremse. “ É uma honra para a Horse receber este prêmio. Somos uma empresa com dois anos de trajetória, investindo bastante no Brasil e produzindo novos motores de alta eficiência. Estou muito feliz por ter sido indicado pela AutoData como um dos finalistas e ter vencido”, festejou Giuliano Eichmann, diretor de operações da Horse Brasil. Horse e a produção nacional Knorr-Bremse e extrapesados mais seguros FORNECEDOR DE POWERTRAIN FORNECEDORES DE AUTOPEÇAS, SISTEMAS E COMPONENTES Fotos: Bruna Nishihata

23 AutoData | Novembro 2025 “ Quero agradecer a todos que votaram, é um orgulho e uma satisfação estar aqui hoje recebendo este prêmio e agradecer à AutoData por proporcionar esse processo que nos traz muita alegria”, comemorou Ricardo Portolan, diretor de operações comerciais de mercado interno e marketing da Marcopolo. “ É um reconhecimento para todo mundo que trabalhou nessa parte de inovação e ESG, algo que permeia a companhia desde o seu início. Trabalhamos olhando para a sustentabilidade não só da comunidade onde estamos inseridos, mas também do meio ambiente. Este prêmio é um reconhecimento muito relevante para todos nós e fruto do trabalho de muitos anos. Tivemos esse cuidado e essa iniciativa ao longo das nossas decisões para garantir um crescimento sustentável do negócio”, disse Rafael Reifschneider, gerente geral de marketing e estratégia da Gerdau. Gerdau e o aço sustentável Marcopolo avança na descarbonização INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E ESG CADEIA AUTOMOTIVA AMPLIADA Fotos: Bruna Nishihata

24 Novembro 2025 | AutoData PRÊMIO AUTODATA 2025 » RECONHECIMENTO “ Estamos felizes porque de fato é o reconhecimento de muito trabalho, um trabalho árduo, de uma equipe enxuta, mas muito eficiente e para a gente também representa toda a confiança que a Hyundai colocou em um time inteiramente feminino”, comentou Janine Lopes, gerente de planejamento de vendas exportação da Hyundai Motor Brasil, ao lado de Juliana Sebek, analista sênior de exportação, e Claudia Rocha, especialista de exportação, distribuição e planejamento de vendas. “ É o primeiro de muitos reconhecimentos deste carro que antes de chegar às concessionárias já era um ícone. Um modelo 100% desenvolvido no Brasil, criado por brasileiros, comercializado no Brasil e na América Latina, vai ser produzido também na África do Sul. Então é o nosso nome e a nossa tecnologia, o poder da nossa gente sendo espalhado no mundo. O Tera representa uma nova fase da Volkswagen e em menos de quatro meses conseguiu ser o automóvel mais vendido do Brasil”, ressaltou com o troféu em mãos Karina Craveiros, supervisora de comunicação da Volkswagen Brasil e LAM, ao lado de Cristie Buchdid e Rafael Simões. Volkswagen Tera já nasceu ícone Hyundai faz sucesso na Argentina AUTOMÓVEL E PICAPES EXPORTADOR Fotos: Bruna Nishihata

25 AutoData | Novembro 2025 “ Este prêmio nos enche de orgulho! É um veículo que foi lançado há menos de um ano e já conquista um importante reconhecimento do nosso público e dos nossos clientes. Então, para a gente é uma honra. É um caminhão que atesta aos requisitos de inovação, qualidade e robustez da Volkswagen Caminhões e Ônibus”, disse Sergio Pugliesi, diretor de vendas da VWCO. “ O prêmio AutoData consagra a opinião também dos nossos clientes e, de fato, o 6x2, a configuração do K410, entrega essa proposta de performance e economia para o mercado. Este troféu é a coroação desse reconhecimento do público como um todo”, agradeceu Rogério Moro, gerente de negócios de vendas de soluções para mobilidade da Scania Brasil. Scania K410, consumo inteligente VWCO Constellation 20.480, nova opção de extrapesado VEÍCULOS COMERCIAIS DE PASSAGEIROS VEÍCULOS COMERCIAIS DE CARGA Fotos: Bruna Nishihata

26 Novembro 2025 | AutoData PRÊMIO AUTODATA 2025 » RECONHECIMENTO MONTADORA DE AUTOMÓVEIS E COMERCIAIS LEVES MONTADORA DE VEÍCULOS COMERCIAIS FORNECEDORES DE AUTOPEÇAS, SISTEMAS E COMPONENTES GENERAL MOTORS DAF STELLANTIS IVECO TOYOTA MERCEDES-BENZ BORGWARNER KNORR-BREMSE ZEN VOLKSWAGEN VWCO Fotos: Bruna Nishihata

27 AutoData | Novembro 2025 FORNECEDOR DE POWERTRAIN CADEIA AUTOMOTIVA AMPLIADA (INCLUINDO SERVIÇOS E MATÉRIAS-PRIMAS) INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E ESG (MONTADORAS E FORNECEDORES) FPT GRUPO SADA GERDAU HORSE MARCOPOLO RENAULT PHINIA PIRELLI VOLARE Fotos: Bruna Nishihata

28 Novembro 2025 | AutoData PRÊMIO AUTODATA 2025 » RECONHECIMENTO EXPORTADOR (MONTADORAS E FORNECEDORES) HYUNDAI VWCO STELLANTIS AUTOMÓVEIS E COMERCIAIS LEVES ÔNIBUS VEÍCULOS COMERCIAIS PESADOS FIAT PULSE MERCEDES-BENZ e05OOUA GWM TANK MERCEDES-BENZ OF 1621 NISSAN KICKS SCANIA K410 6X2 IVECO S-WAY SCANIA P 280 VWCO CONSTELLATION 20.480 4X2 VW TERA VOLARE FLY 10 Divulgação/Empresas Divulgação/Empresas Divulgação/Empresas Fotos: Bruna Nishihata

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30 Novembro 2025 | AutoData PRÊMIO AUTODATA 2025 » RECONHECIMENTO PERSONALIDADE DO ANO CLÁUDIO SAHAD, SINDIPEÇAS EMANUELE CAPPELLANO, STELLANTIS EVANDRO MAGGIO, TOYOTA FERNANDO ANTÔNIO GOMES MARTINS, CONTINENTAL PARAFUSOS GASTÓN DIAZ PEREZ, BOSCH Fotos: Bruna Nishihata

5 AutoData | Novembro 2025 QUEM QUER LIDERAR A NOVA FASE DA INDÚSTRIA, QUE COMEÇA AGORA, PRECISA ESTAR AQUI. O Brazil Automotive Guide, único e mais completo guia do setor automotivo brasileiro, é a principal porta de entrada para quem busca informações, oportunidades e parceiros no mercado automotivo nacional. DIVULGUE SUA EMPRESA. MOSTRE SUA FORÇA. BRAZIL AUTOMOTIVE GUIDE — O PONTO DE PARTIDA DA NOVA CORRIDA AUTOMOTIVA. UM PRODUTO DA AUTODATA EDITORA, REFERÊNCIA EM INFORMAÇÃO E INTELIGÊNCIA PARA O SETOR AUTOMOTIVO.

32 Novembro 2025 | AutoData PRÊMIO AUTODATA 2025 » RECONHECIMENTO Fotos: Bruna Nishihata

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34 Resfri Ar inova mais uma vez e cria o RT8000, primeiro ar-condicionado de aplicação automotiva totalmente desenvolvido e produzido no Brasil rante a Convenção de Vendas, em outubro, que também serviu para capacitar os assistentes técnicos da rede autorizada para o uso do produto. A novidade simboliza um avanço técnico e industrial que promete redefinir o padrão de conforto, eficiência e sustentabilidade no setor. Desenvolvido e fabricado integralmente no PRIMEIRO 100% NACIONAL Quando se fala em climatização automotiva no Brasil, a Resfri Ar é referência. Líder do segmento e com quase três décadas de história, a empresa gaúcha acaba de escrever um novo capítulo de pioneirismo ao lançar o RT8000, primeiro ar-condicionado automotivo 100% nacional. O anúncio foi feito du-

35 Compacto, eficiente e silencioso Com apenas 26 kg, o RT8000 chega nas versões 12V (6.500 BTU/h) e 24V (7.500 BTU/h), atendendo desde vans e caminhões leves até ônibus e máquinas agrícolas. O sistema conta com tecnologia Inverter, que ajusta automaticamente a rotação do motor conforme a necessidade de refrigeração. O resultado é temperatura estável, operação silenciosa e menor consumo de energia. Outro destaque é a dupla motorização brushless, que amplia a durabilidade e emite ruído de apenas 37 dB, equivalente ao som de uma biblioteca. A eficiência energética também impressiona: com COP de 2,9, o RT8000 entrega quase três vezes mais refrigeração do que energia consumida — um diferencial expressivo no segmento. Instalação simplificada e garantia de 2 anos Durante o lançamento, a Resfri Ar apresentou a nova base multifuros, que passa a equipar o RT8000 e outros modelos da linha. O acessório, com padrão universal de fixação, permite instalação sem cortes no teto, oferecendo melhor acabamento, segurança e menor tempo de montagem. A inovação simplifica o trabalho de oficinas e revendas, valorizando o serviço prestado e reduzindo retrabalhos. Para reforçar a confiança no novo produto, a Resfri Ar oferece garantia de dois anos, além de uma rede com mais de 90 assistências técnicas espalhadas pelo país. O pós-venda inclui atendimento 0800 e programas de capacitação para técnicos e instaladores. Durante a convenção, a empresa também anunciou condições comerciais especiais para revendas e vendas simultâneas para montadoras e aftermarket, ampliando oportunidades de negócios em todo o território nacional. país, o RT8000 traduz o amadurecimento da engenharia nacional. O projeto foi concebido pela equipe técnica da Resfri Ar para atender montadoras e motoristas que buscam desempenho, baixo consumo e durabilidade. “O RT8000 é um marco. Representa a consolidação da engenharia brasileira na climatização automotiva, com tecnologia e eficiência que nos colocam em outro patamar de competitividade”, afirma o diretor Roberto Cardoso. Com o RT8000, a Resfri Ar reafirma sua posição de vanguarda em climatização automotiva elétrica. A empresa também se destaca por suas geladeiras automotivas e portáteis, que unem refrigeração e congelamento em soluções práticas e confiáveis. Mais do que um novo produto, o RT8000 simboliza a força da engenharia brasileira aplicada à mobilidade. Um ar-condicionado leve, eficiente e 100% nacional, que combina conforto, economia e tecnologia — e coloca o Brasil entre os protagonistas da climatização automotiva mundial. A aposta na produção local traz ganhos diretos: redução de custos logísticos, reposição rápida de peças e suporte técnico imediato. Com fabricação 100% nacional, a empresa garante agilidade no atendimento e reforça o compromisso com o desenvolvimento industrial brasileiro.

36 Novembro 2025 | AutoData EVENTO AUTODATA » SEMINÁRIO BRASIL ELETRIFICAÇÃO E DESCARBONIZAÇÃO Seja qual for o nome escolhido, Mover 2.0, Mover 2 ou qualquer outra denominação, fabricantes de veículos leves defendem a continuidade do Mover, Programa Mobilidade Verde e Inovação, para além do horizonte até 2028 de políticas desenhadas para o desenvolvimento do setor automotivo no País. O tema permeou algumas discussões durante painel do Seminário Brasil Eletrificação e Descarbonização, organizado Por Soraia Abreu Pedrozo Indústria já pede continuação do Mover Objetivo é localizar mais etapas da produção para avançar na descarbonização e seguir avançando com biocombustíveis por AutoData em outubro. Embora o Mover já tenha cumprido o papel de estimular a descarbonização dos transportes no País por meio de metas e incentivos à eficiência energética, eletrificação e uso de biocombustíveis, os participantes do evento ressaltaram ser importante que o governo já comece a pensar em prosseguimento e aprimoramento da iniciativa para promover a industrialização completa de modelos

37 AutoData | Novembro 2025 eletrificados no País, como avaliou o vice-presidente de assuntos regulatórios da Stellantis América do Sul, João Irineu Medeiros: “O Brasil tem a oportunidade de prover a verticalização de muitas das tecnologias de eletrificação introduzidas a partir do Mover, o que trouxe melhorias nas plataformas veiculares”. O executivo citou que, somados, os programas Inovar-Auto, Rota 2030 e Mover promoveram, em dez anos, 35% de redução de emissões de CO2 dos veículos, por meio de ganhos de eficiência energética: “É preciso agora pensar à frente para darmos mais um salto. Quando falamos de eletrificação todas as plataformas demandam baterias de lítio, motores elétricos, inversores, centrais eletrônicas, o que abre a possibilidade de localizar”. EVITAR SKD E CKD Diretor de comunicação e porta-voz da área de ESG da Toyota, Roberto Braun completou reforçando a necessidade de se trazer ao Brasil a industrialização plena para que o setor não fique restrito a operações “como montagem SKD e CKD que não agregam valor no País, não promovem o adensamento da cadeia produtiva nem geram emprego e renda para a sociedade”. Fábio Rua, vice-presidente de relações governamentais da General Motors, apontou que se o Brasil deseja ser um competidor relevante na indústria automotiva é preciso olhar a cadeia de suprimentos, com o compromisso para atrair cada vez mais investimentos: “A previsibilidade é fundamental, mas o Mover tem horizonte temporal curto. Das doze portarias somente seis foram publicadas. Ou seja: em quase dois anos não temos todas as regras definidas. Isto está fluindo, não afeta a execução dos investimentos, mas poderia acelerar decisões já tomadas que precisam ser estabelecidas”. Sobre a montagem em CKD e SKD Rua traçou paralelo com política adotada no México, que incentiva a produção local mas abre importação proporcional à fabricação, para que essas empresas completem o portfólio: “A cota de 10% a cada 100 mil veículos produzidos poderia ser pensada numa continuidade do Mover”. Medeiros pondera que este tipo de montagem tem seu valor quando não há a tecnologia local disponível e, sobre o México, ressaltou que o país conta com diversos acordos comerciais, diferentemente do Brasil. Braun também contrapôs sublinhando a característica distinta do mercado brasileiro, uma vez que em torno de 90% da produção de veículos do México é endereçada ao mercado externo: “No Brasil só 15% da produção são exportados. Na Toyota, em condição diferenciada, de 35% a 40% são exportados”. POR MAIS MOBILIDADE ELÉTRICA Com o objetivo de marcar ponto de inflexão nas políticas públicas dedicadas à eletrificação veicular no Brasil o MME,

38 Novembro 2025 | AutoData EVENTO AUTODATA » SEMINÁRIO BRASIL ELETRIFICAÇÃO E DESCARBONIZAÇÃO Ministério de Minas e Energia, criou a Secretaria de Mobilidade Elétrica. Foi Ricardo Bastos, presidente da ABVE, Associação Brasileira do Veículo Elétrico, quem transmitiu a informação, destacando que a estrutura já foi oficialmente publicada. A criação da secretaria responde a demanda histórica do setor e promete facilitar a interlocução da indústria com o governo, algo relevante diante da chegada massiva de montadoras com origem na China. A nova área deverá trabalhar em conjunto com o MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, para apoiar a cadeia nacional de fornecedores na absorção das novas tecnologias. SOLUÇÕES BRASILEIRAS A presença da Anfavea na COP 30, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em novembro, em Belém, PA, é vista como oportunidade de a indústria automotiva brasileira demonstrar o seu leque de opções de tecnologias em descarbonização, sobretudo com o uso de biocombustíveis, assinalou Henry Joseph Júnior, assessor especial da presidência da entidade: “Alguns países ainda têm uma visão equivocada, de que o seu uso acaba por ocupar espaço de plantação de alimentos. O Brasil provou que é possível crescer o plantio de biocombustíveis e também de alimentos”. Na avaliação de executivos da Scania e BorgWarner o transporte brasileiro caminha para futuro no qual eletrificação, biometano e biodiesel coexistirão como alternativas complementares para a descarbonização. Para Gustavo Bonini, diretor institucional da Scania Latin America, o plano precisa considerar as vocações regionais do País. No Centro-Oeste, rico em produção de soja, o biodiesel se destaca. No Interior paulista a cana-de-açúcar favorece a produção de biometano. Já nos grandes centros urbanos, onde a infraestrutura elétrica está consolidada, os elétricos ganham espaço. A BorgWarner, que produz módulos de baterias para ônibus elétricos em Piracicaba, SP, planeja expandir sua atuação local. Marcelo Rezende, diretor de sistemas de baterias, disse que a companhia estuda trazer para o País também a fabri-

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40 Novembro 2025 | AutoData EVENTO AUTODATA » SEMINÁRIO BRASIL ELETRIFICAÇÃO E DESCARBONIZAÇÃO cação de baterias LFP, lítio-ferro-fosfato, tecnologia mais segura e com densidade energética comparável às atuais baterias NMC, níquel-manganês-cobalto: “Começaremos a fabricar esta bateria em 2026, ainda fora do País, e temos a intenção de trazer para cá a sua produção”. AVANÇO DOS BIOCOMBUSTÍVEIS Não será por falta de opção ou de área para plantação que os biocombustíveis deixarão de avançar como alternativa energética. Enquanto se debate a viabilidade econômica da sua aplicação, pesquisadores brasileiros avançam em novas frentes, encontrando novas fontes de produção de biomassa. O professor e líder do laboratório de genômica e bioenergia da Unicamp, Gonçalo Pereira, destacou que uma das novas fontes está sendo desenvolvida pelo Projeto Brave no Semiárido Nordestino, para produção de etanol e biogás com o agave, planta que dá origem à tequila e ao sisal. Mas ele cita outras iniciativas em estudo, como o dendezeiro, conhecido pelo óleo de dendê, e a palmeira macaúba, que também crescem em áreas secas e têm grande potencial de produção de biodiesel e diesel HVO. Para veículos pesados a solução é o biometano, que pode ser feito com qualquer resíduo, diz o professor: “Já temos ciência suficiente para produzir biogás em alta escala e potencial para entregar volume equivalente ao que sai de gasodutos que vêm da Bolívia”. HIDROGÊNIO COMO CAMINHO Apontado como combustível do futuro, o hidrogênio começa a dar seus primeiros passos concretos no Brasil. GWM

41 AutoData | Novembro 2025 e Hyundai revelaram planos ambiciosos para o mercado nacional, com foco nos veículos pesados. A GWM trouxe ao Brasil, em julho, um caminhão elétrico de 39 toneladas alimentado por células de hidrogênio para testes de validação em condições brasileiras. Na China a divisão GWM Hydrogen já opera mais de 2 mil caminhões com esta tecnologia. A Hyundai, por sua vez, acumula 27 anos de experiência no uso de hidrogênio para eletrificação. A companhia já comercializou 38 mil unidades do Nexo, um SUV a célula de combustível, além de operar frotas de caminhões e ônibus em diversos países. Ambas as empresas enfatizam que o sucesso do hidrogênio no Brasil depende fundamentalmente de parcerias: “A ideia não é importar caminhões e células da China, mas buscar parcerias estratégicas no Brasil para pensar em desenvolver este mercado”, afirmou Thiago Sugahara, gerente de ESG da GWM. A montadora assinou termo de engajamento com o governo do Estado de São Paulo e colabora em projetos com IPT, USP e Senai Cimatec. Uma das apostas mais promissoras para o Brasil é o uso do etanol na produção de hidrogênio, disse Fernando Yamaguchi, supervisor sênior de desenvolvimento de negócios da Hyundai: “Seria por meio do aquecimento do etanol em altíssimas temperaturas, quebrando as moléculas para extrair o hidrogênio”. A empresa participa de projeto pioneiro que usa o etanol como fonte de hidrogênio de baixo carbono para abastecer veículos elétricos que usam células de combustível. O programa de testes é desenvolvido pela USP em parceria com o RCGI, Research Centre for Greenhouse Gas Innovation, Shell, Toyota, Raízen e Senai. CARDÁPIO ABRANGENTE Dos 48 milhões de veículos em circulação no Brasil quase metade deles tem mais de 11 anos de idade: são justamente os maiores emissores de gases poluentes e de efeito estufa, mas 79% são flex com motores bicombustível, e neste caso o simples uso de etanol, em vez da gasolina, já reduziria significativamente as emissões de CO2. Considerando apenas os veículos leves, 45,6 milhões, hoje apenas 0,3% são eletrificados. Até 2040 eles serão 27,6% de uma frota estimada de 62,6 milhões, sendo 10% híbridos, 10% híbridos plug-in e 7,6% elétricos Estes são alguns dos achados de um recente estudo do Instituto MBCBrasil encomendado à LCA Consultores, que foi apresentado pelo presidente do conselho de administração da entidade, José Eduardo Luzzi: “O Brasil é um dos únicos países que oferece cardápio tão abrangente de soluções para descarbonizar. A favor temos a matriz elétrica 88% renovável, contra 30% da média global”. Na projeção para os veículos pesados o estudo aponta que a frota atual de 2,3 milhões de caminhões, 99% deles movidos a diesel, deverá chegar a 3,4 milhões até 2040: 85% seguem com motorização a combustão com uso combinado de diesel fóssil, biodiesel e HVO, 8% usarão gás natural e biometano e apenas 7% serão elétricos puros alimentados por módulos de baterias. Quanto aos ônibus, dos 398,3 mil que rodam hoje 395,3 mil são movidos a diesel. Em 2040 a projeção indica 503,7 mil veículos, 70% a combustão, 20% elétricos e 10% a gás. [Com reportagens de André Barros e Lúcia Camargo Nunes]

42 presente no Brasil com duas operações estratégicas. Em Lavras (MG), a fábrica de amortecedores combina processos produtivos de alta precisão com padrões internacionais de qualidade. Já em Mauá (SP), o centro de Pesquisa e Desenvolvimento reúne especialistas em engenharia e bancos de testes dedicados ao desenvolvimento e validação de novas tecnologias de amortecimento. O portfólio da companhia, que é uma gigante global dentre os sistemistas, abrange desde amortecedores passivos tradicionais até sistemas eletrônicos avançados, sempre com foco em atender às diferentes demandas do mercado e às condições únicas das estradas brasileiras. Abrindo caminhos Marelli Ride Dynamics aposta na excelência industrial e na tecnologia de ponta para prover a mobilidade do futuro Com quase 75 anos de presença no Brasil, a Marelli Ride Dynamics é referência em tecnologia, qualidade e inovação no desenvolvimento de sistemas de suspensão e amortecedores. Pioneira no país, a unidade evoluiu continuamente para atender aos mais altos requisitos da indústria automotiva global, reafirmando o compromisso da Marelli com a mobilidade sustentável e o futuro da engenharia veicular. A unidade de Ride Dynamics é especializada no design e na produção de sistemas de suspensão avançados, fornecendo soluções para os principais fabricantes automotivos do mundo. A empresa está

43 No início de 2026, a Marelli apresentará oficialmente a solução semiativa no Brasil. Em um país definido por longas distâncias e estradas diversas, a Marelli reafirma seu compromisso com o progresso da mobilidade. Da engenharia de precisão à experiência ao volante, cada avanço reflete o propósito que move a companhia: desenvolver tecnologias que tornam o transporte mais inteligente, seguro e sustentável. Smart Single Valve e-Shocks: inovação em cada detalhe Desenvolvidos dentro da plataforma LeanRide, os Smart Single Valve e-Shocks representam o ápice da integração entre hardware e software de chassis da Marelli. Com arquitetura desenvolvida com três tubos e pistão de tração de precisão, esses amortecedores oferecem até 200% de melhoria no desempenho de compressão em comparação aos sistemas tradicionais. Além do desempenho, entregam conforto e segurança superiores, adaptando-se instantaneamente a qualquer tipo de terreno e reduzindo impactos e vibrações. O design flexível permite a instalação otimizada em diferentes plataformas veiculares, garantindo eficiência e versatilidade. Tecnologia Semiativa A introdução da tecnologia de amortecedores semiativos marca um novo capítulo na trajetória da Marelli Ride Dynamics. O sistema utiliza válvulas eletrônicas e integração com uma Unidade de Controle Eletrônico (ECU) para ajustar o amortecimento em tempo real. Essa capacidade de adaptação garante conforto, estabilidade e controle ideais, independentemente do terreno ou das condições de condução. Ao reagir instantaneamente às variações da superfície, os amortecedores semiativos redefinem o equilíbrio entre segurança e conforto, elevando a experiência de condução e a percepção de qualidade em qualquer segmento de veículo. Para os fabricantes de equipamentos originais (OEMs), a tecnologia semiativa oferece novas possibilidades. Com ela, é possível adaptar os veículos às diversas condições de rodagem do Brasil, alcançando padrões de dirigibilidade e conforto equivalentes aos mercados mais exigentes do mundo, sem a necessidade de grandes reformulações estruturais. A solução também fortalece o posicionamento das marcas ao incorporar tecnologias inteligentes e alinhadas às tendências globais de mobilidade conectada e eletrônica embarcada. Smart Single Valve e-Shocks

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