AD 342
43 AutoData | Março 2018 Onde tem carro movido a célula de combustível abastecendo com etanol? Pergunta lá no Posto Ipiranga O veículo foi exibido no Brasil, onde passou por bateria de testes, e no fim do ano passado retornou ao Japão para pros- seguimento das pesquisas. A filial brasileira aguarda ansiosa os próximos passos da matriz para o projeto. De acordo com Ricardo Abe , gerente de engenharia da Nissan, a tecnologia é ideal para países em desenvolvimento e que já utilizam o etanol – ou seja, o Brasil se encaixa feito luva. “É uma das alternativas emestudo pela Nissan para o futuro, que será eletrificado. Avantagemde usar a SOFC é sua facilida- de de operação em países que não têm estrutura pronta para abastecimento de veículos elétricos.” Por enquanto o reformador, equipa- mento que separa o hidrogênio do etanol, é um dos maiores desafios técnicos do sistema. “Atualmente ele ocupa parte da área útil do veículo, e estamos tentando reduzir seu tamanho para proporcionar melhor utilização prática.” VINTE QUILÔMETROS POR LITRO O protótipo já obteve níveis satisfató- rios de autonomia: percorreu seiscentos quilômetros com trinta litros de etanol, ou seja, obteve marca de vinte km/l. Além da van mais um protótipo da Nis- san com tecnologia SOFC foi testado no Brasil. “Os veículos estavam instrumenta- dos e como o País tem disponibilidade de etanol em qualquer local, abastecemos e rodamos em diversas condições. Esses dados foram gravados e enviados ao Ja- pão, que agora processa as informações e dá continuidade ao desenvolvimento, assim como toda a parte de combustível, reconhecimento do etanol e durabilidade do sistema.” Não há definição exata de quando uma comercialização em larga escala da tecnologia poderia começar, mas certa- mente será depois de 2020. “Não é pela novidade técnica por si só. Dependemos de toda a cadeia de abastecimento e de fornecedores de sistema para torná-lo viável comercialmente”, argumenta Abe. Ele considera, entretanto, que “dentro da Divulgação/Nissan matriz existemvários projetos em desen- volvimento e acreditamos que esse é o mais fácil de chegar um dia ao Brasil”. Um estudo sobre SOFC da Universi- dade Federal do ABC, ou simplesmente UFABC, encontrou uma forma de eliminar o reformador dentro do sistema. Porém o professor responsável pela pesquisa, Daniel De Florio, lamenta que nenhuma montadora tenha mostrado interesse. Para ele isso ocorre por uma lacuna nos sistemas de pesquisa e engenharia avan- çadas no Brasil, já que nesse campo os trabalhos têm sido em sua ampla maioria realizados pelas matrizes das fabricantes. A pesquisa da UFABC é realizada des- de 2006 em colaboração com o IPEN- -USP e o governo francês. “Chegamos a mostrar, recentemente, a não necessidade do reformador, o que implica em melhor aproveitamento da energia gerada pelo etanol. Esse conceito é conhecido como Célula a Combustível de Óxidos Sólidos a etanol direto ou, em inglês, Direct-Ethanol SOFC.” O funcionamento ocorre por refor- ma interna ou oxidação direta: “Algumas características das SOFCs como tempe- ratura de operação e materiais do anodo, o eletrodo do combustível, fazem o papel do reformador”. Para o professor “essa é uma pesquisa em que o Brasil está bem à frente, já que somos o segundo maior produtor de eta- nol do mundo e o nosso, diferentemente do que acontece nos Estados Unidos, não compete com a questão alimentícia”. Para De Florio o próprio conceito é novo. “Há alguns anos se falava em SOFC
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