AD 342
45 AutoData | Março 2018 competitividade em prol do desenvolvi- mento de novas soluções sustentáveis”. Não há data estipulada – ou mesmo certeza – para uma possível chegada do Toyota híbrido flex ao mercado, mas as chances parecem bem fortes para curto ou médio prazo. A Unica, União da Indústria de Cana- -de-Açucar, que representa a indústria do etanol, está participando com a Toyota do projeto do híbrido flex. Alfred Szwarc, seu consultor de emissões e tecnologia, assegura que “o etanol tem espaço no mercado por muitos anos e busca par- cerias na eletromobilidade”. Ele, que é engenheiro, não vê gran- des dificuldades na parte técnica de um híbrido flex, “É preciso adaptar o motor a combustão para o etanol, refazer sua calibração e aspectos afins, mas não é nenhum projeto da Nasa.” Em seu entendimento a tecnologia híbrida flex representa “um casamento perfeito, por agregar as qualidades de alta eficiência energética com as ambientais”. O consultor da Unica revela que “a Toyota nos acenou com a possibilidade de nacionalização dessa tecnologia, e as conversas a este respeito estão aconte- cendo há aproximadamente dois anos. Os híbridos devem fazer parte dos novos cenários de mobilidade e vemos boas oportunidades de coexistência de versão híbrida com motor flex. O próximo pas- so seriam os híbridos flex plug-in, ainda que provavelmente em número menor de modelos”. Na ponta final Szwarc aposta em tec- nologias que usem baterias elétricas ou células a combustível com energia gera- da a partir do etanol. “Uma das grandes barreiras aos elétricos, além dos custos, é a autonomia. E o protótipo da Nissan já mostrou que essa questão pode ser superada.” Pelos cálculos do engenheiro hoje 30% da composição de preço de um carro elé- trico vem exclusivamente das baterias. Outros segmentos, além do mercado de automóveis de passeio, também po- dem fazer uso do etanol, como o trans- porte coletivo e o agronegócio. “Se as condições se mostrarem atrativas existem tecnologias emdesenvolvimento avança- das e protótipos promissores”, garante o consultor da Unica. VAI DE ÔNIBUS O engenheiro Márcio Massakiti é um dos responsáveis pelo Programa Veículo Elétrico da Itaipu Binacional, que atua em projetos na área de mobilidade elétrica. A empresa desenvolve umprojeto de ônibus híbrido a etanol. O primeiro experimento surgiu em 2010, com apresentação demonstrativa de um protótipo no qual o motor a com- bustão interna fornece energia mecânica a um gerador elétrico. Atualmente, e com aporte de R$ 10 milhões da Finep, a Itaipu finaliza um tra- balho no aperfeiçoamento do protótipo do ônibus, com a revisão de testes. Uma segunda fase será a abertura de um edi- tal pela Finep para chamada pública de montadoras interessadas na produção do ônibus. Segundo Massakiti “o veículo traz efi- ciência de 85% no consumo de energia, enquanto no Ciclo Otto o rendimento é de apenas 15 a 20%”. Para Marcos Clemente, vice-presidente da AEA, Associação Brasileira de Enge- nharia Automotiva, “não cabe discutir se o futuro pertence ao motor a combustão interna ou à eletrificação. É viável ter os dois, e a participação de cada tecnologia vai depender das características de cada região. E no Brasil é viável usar o etanol”. Para ele ainda há espaço para melhorar a eficiência dos motores a explosão nos próximos anos: “Os motores de combustão interna, com qualquer combustível, ainda serão importantes em 2030, 2040, mas serão mais eficientes que os atuais. Essa busca prosseguirá e passa por sistemas mais compactos, combustão gerando carga térmica cada vez maior com turbo, injeção direta, controles de admissão mais sofisticados. E a ideia é fazer no futuro motores otimizados para combustíveis de alta octanagem.”
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