AD 349
18 Outubro 2018 | AutoData FROM THE TOP » DAN IOSCHPE, SINDIPEÇAS resolvidas. Não são temas que se resol- vem rapidamente, mas ter P&D alinhado com o resto do mundo, cumprindo as regras da OMC, como é o caso do Rota 2030, ajudará no médio e longo prazo a balança comercial. O setor de autopeças saiu da crisemais forte ou mais fraco? Não se provou aquela visão de que o setor não aguentaria e sucumbiria. Tam- bém o risco imaginado de que, na reto- mada, não haveria capacidade de en- trega, não se mostrou verdadeiro. O que aconteceu: resiliência. O setor passou, sofreu, lutou, cortou custos, enxugou, teve empresário vendendo patrimônio, teve multinacional se desfazendo de ativos. Saímos com características distin- tas e estrutura de custo enxugada para fazer frente ao novo patamar de escala. Já é hora de voltar a investir? Mesmo na crise nós investimos. Claro que houve diferenças: menos investi- mento emcapacidade emais emprodu- tividade, para enfrentar a crise. De 2019 em diante, mesmo alcançados os níveis de crescimento que estamos preven- do, não será preciso mais investimentos em capacidade, a não ser que ocorra uma aceleração forte. Por outro lado a manufatura 4.0 traz um investimento natural e muito bom, porque aumenta a produtividade e a qualificação. Essa será a maior caraterística dos investimentos nos próximos anos. umdecréscimo da produção no ano que vem, mas pode acontecer em um ce- nário de muita instabilidade econômica por causa da eleição e um aumento da insegurança do consumidor. O pessoal fica muito preocupado com mercado, bancos, mas é o consumidor quem toma a decisão. Se estou commedo não faço nada, mas se estou confiante faço um investimento, umpequeno negócio, via- jo, compro um carro. Para as autopeças o que se pode es- perar? Em 2017 crescemos de forma similar no faturamento e na produção física, cerca de 24%. Este ano a alta será um pouco maior na produção, essencialmente por causa da reposição. No faturamento de- vemos fechar em 14% de alta. Estamos prevendo ainda uma expansão de 18% no déficit da balança comercial, que nos preocupa mas não é tão grave. Como esse déficit da balança pode parar de crescer? Um lado desse déficit não é tão ruim, está relacionado à necessidade de re- novação de modelos e à maior quanti- dade de marcas no mercado. O Brasil não é um ponto de geração de novos projetos, de novos veículos. Se mais de- senvolvimento fosse feito aqui teríamos mais componentes disponíveis. Mas leva meses, até anos, para a arrancada da produção, então ocorre importação de muitos produtos até a escala necessária para produzir aqui. Não é bloqueando a importação, nem torcendo para que tenhamos menos carros novos, e muito menos reduzindo o ciclo de vida dos ve- ículos, que resolveremos essa questão. O Rota 2030 não dá essa direção? Sim, porque o Rota 2030 incentiva P&D. É algo feito no mundo inteiro para al- cançar mais conteúdo local e inclusive exportar mais. Claro que temos questões da nossa competitividade que são ho- rizontais e que tardarão muito a serem “Supomos crescimento de 5% na produção com relação a 2018. Não chamaria de otimismo: estamos muito abaixo do que já estivemos.”
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