AD 349
39 AutoData | Outubro 2018 de tudo “a confiança do consumidor tem mostrado comportamento resiliente”, o que faz com que “descontados os picos e os vales estamos, hoje, dentro de uma reta com tendência de crescimento”. Antonio Filosa, presidente da FCA para a América Latina destaca, além disso, que “não fossem as incertezas os dois merca- dos, Brasil e Argentina, já poderiam estar mais acelerados”. NEM RECORDE NEM RECESSÃO No fundamental o que se considera é que, se omercado brasileiro de autoveícu- los não é o dos recordes de vendas e de produção registrados no início da década, também não é, em contrapartida, o de há dois anos, no pico da recessão. Dentro deste raciocínio o crescimento projetado para o ano que vem representaria, no mí- nimo, sair para o baile com alguns passos já bem treinados. As vendas surpreendentemente boas em agosto e setembro também poderiam ajudar a apoiar projeções relativamente otimistas para 2019. Neste caso, todavia, a vida prática re- comenda certa prudência e boa dose de cautela: um para lá, dois para cá e repete. Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford, destaca que parte das vendas realizadas nos últimos meses, agosto inclusive e também setembro, são artificiais e não representammercado efetivo. Derivamde um modelo de negócio com forte apoio nas vendas diretas, no geral com grandes e anormais descontos. Explica-se: surpreendidas com as que- das de vendas domésticas no segundo tri- mestre, e com a redução das exportações para a Argentina no início deste segundo semestre, algumas montadoras optaram por lançar mão do canal de vendas diretas como forma de evitar aumentar ainda mais o índice de ociosidade com que todas, de forma geral, hoje ainda operam. Como decorrência em pouco tempo as vendas diretas, por vezes realizadas com descontos na faixa de até 35% a 40%, passaram a representar metade do total comercializado. Esse índice é pelo menos 10 a 15 pontos porcentuais acima do que poderia ser considerado normal. Os números variam de empresa para empresa, e bastante. Em agosto a co- mercialização por modalidade direta de pelo menos uma das montadoras mais tradicionais chegou a ultrapassar a inédita marca de 60%, enquanto as asiáticas, mais conservadoras, optaram por ficar abaixo de 25% se tanto. Na prática isto acaba por falsear, a cada mês, não apenas o real tamanho do mer- cado mas também os rankings de partici- pação, seja por modelos ou por marcas. Mesmo em meio a tantas dúvidas e BANCOS, PORTOS Uníssono automotivo em dose dupla: o aumento do crédito foi fundamental para a elevação do mercado em 2018 e a preocupação com a crise argentina é do tamanho de um navio cargueiro.
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