AD 349
50 Outubro 2018 | AutoData A vida político-econômica daArgentina está tão agitada que os poucos anún- cios e projeções que se apresentam ficamdesatualizados emquestão de dias, às vezes horas. O setor automotivo co- meçou o ano combastante otimismo, mas o salto do dólar, a inflação e a acentuada queda da atividade afetaram fortemente a indústria, que mês a mês revisou para baixo suas expectativas. O ânimo dos executivos das empresas que atuam no mercado argentino já não é mais omesmo desdemaio, quando a crise se fez mais evidente. E as duras e inespe- radasmedidas oficiais tampouco oferecem segurança suficiente para arriscar que a recuperação chegará em breve. Com o impulso de 2017 as primeiras projeções para o ano eram positivas. No início de 2018 tudo indicava que a produção se encaminhava para crescer dois dígitos, o que não acontecia desde 2011. E ummes- mo comportamento positivo se esperava para vendas internas e exportações. A programação para 2018 dava conta, naquele momento, de 565 mil unidades produzidas, 20% a mais do que 2017. Os embarques poderiam chegar a 300 mil, elevação de 43%. Para Luis Fernando Peláez Gamboa, presidente da Adefa, associação das fa- Por Mercedes Zimmer, de Buenos Aires ARGENTINA EM MODO TANGO 2018 foi uma gangorra no parceiro de Mercosul: ótimo começo seguido por forte crise. 2019 é uma incógnita. PERSPECTIVAS 2019 » ARGENTINA bricantes argentinas, “a melhoria que projetamos nos programas de produção e exportação foi impulsionada por impor- tantes lançamentos de produtos locais, resultado de investimentos que ocorreram em nossa indústria. E também pela me- lhora da demanda domercado interno e o impacto positivo da recuperação no Brasil, após anos de intensa contração, além da diversificação das exportações para outros mercados”. As vendas em 2018 poderiam alcançar recorde histórico, perto de 1 milhão de uni- dades negociadas. Assim como em 2017 a oferta de crédito para o consumidor, a queda da inflação e a agressiva política co- mercial das empresas eram fundamentos para esse resultado – e este cenário levou muitas delas a adiantar importações para abastecer as redes. Mas desde abril todos os prognósti- cos caíram feito um castelo de cartas. A inflação disparou, o imediato aumento dos preços golpeou a demanda interna e retraiu o crédito, o Brasil não respondeu como se esperava e o governo argentino lançou medidas que atacaram o coração da indústria: as exportações. Comprometido como programa federal Plano 1 Milhão, que traçoumeta daArgen- tina produzir 1 milhão de unidades até 2023,
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