AD 350
9 AutoData | Novembro 2018 Compostura Ricardo Martins: alguém conhece? Sugestões, críticas, comentários, ofensas e assemelhados para esta coluna podem ser dirigidos para o e-mail vi@autodata.com.br Divulgação/FCA É APOLÍTICA E O ESCAMBAU Também a Anfavea, senhora de meia idade, e que já foi conhecida como A Foderosa, não escapou recentemente de enfiar o pé na lama – e em dois episódios eleitorais, o que demonstra que experiências históricas, ali, não são, mais, transmitidas de pai pra filho. Não há, mais, guardiões da história, nem das boas maneiras. Primeiro: em Brasília, DF, em encontro com repórteres de... política, aos quais não é habituado, o presidente Antônio Megale admite que o setor automotivo já conhece o figurino PT e que o outro candidato era o desconhecido. O reportariado deixou o almoço com a convicção de que a indústria de veículos apoiaria “o já conhecido”. Correria, e foi necessária divulgação de nota, no dia seguinte, e passar pelo desgaste, interno e externo: a entidade é apolítica, não tem candidatos e o escambau. É APOLÍTICA E O ESCAMBAU 2 O segundo episódio foi ainda pior do que jogar o presidente no aquário das piranhas. Suspeita-se até de armação. Foi assim: a campanha “do outro candidato” solicita a presença de entidades que representam o mundo exportador para expor suas reivindicações – e lá estava diretor da FCA, Antônio Sérgio Martins Mello, também diretor da AEB, Associação de Comércio Exterior do Brasil. Aos repórteres entregou seu cartão de visitas da FCA e, dispensado após a foto e sem nada reivindicar, aparentemente considerou normal aquelas circunstâncias. E a foto logo ganhou as mídias, com texto-legenda anunciando novos apoios àquela campanha – inclusive o da Anfavea, da qual Antônio Sérgio é vice-presidente e alegre conviva. Mais correria, só desgaste. É APOLÍTICA E O ESCAMBAU 3 São episódios inconcebíveis, implausíveis para o perfil discreto, quase sombrio da entidade. Onde está sua histórica experiência institucional acumulada, sua maneira peculiar de atuar? Conheço dois ou três ex-diretores que não teriam permitido os dois episódios nem sobre seus próprios cadáveres. A bem da história: executivo da mesma empresa protagonizou tentativa de agenciamento de apoio ao candidato da época, trinta anos atrás. Depois de muito esforço restou apurada a doação de Ferrari F40 para um e de reles station-wagon Elba para outra. Ouviu-se falar, vagamente, de viagem de casal a Paris, de dor de dentes inesperada, de uma visita solitária a banco e de um retorno urgente, também solitário, a Brasília com maleta carregada no colo... O fim desse processo gerou a única vantagem competitiva que o setor automotivo conheceu na época, conhecida como Uno Mille – lembram? Mas isto é só imaginação fértil de quem não tem mais o que fazer, né mesmo?
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