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17 AutoData | Abril 2019 A Iochpe-Maxion fornece para a Ford Caminhões? Sim, rodas e alguns componentes es- truturais. Adecisão da Ford de deixar o segmento pode impactar o mercado e o negócio de que forma? Acredito que não existe vácuo nessa indústria, as outras montadoras deverão ocupar o espaço deixado pela Ford. E para nós, como também fornecemos para as outras montadoras, o impacto deverá ser neutralizado: venderemos menos para a Ford porém mais para as outras. Como o senhor vê o futuro das mon- tadoras com os desafios impostos por carros elétricos e afins? Desde o ano passado as montadoras começaram a reavaliar seu presente e seu futuro. O dieselgate aumentou a complexidade do cenário e o veículo elétrico é uma realidade que vai acon- tecer, assim como os autônomos, mas ninguém sabe bem quando. As monta- doras têm que investir muito nisso para se manter competitivas, mas sem saber quando será o retorno: em dois, cinco, dez anos? Ao mesmo tempo há os acio- nistas batendo na porta brigando por dividendos e valorização das ações. As montadoras chegaram à conclusão de que precisam investir para o futuro mas não podem deixar de entregar resulta- do neste e nos próximos trimestres e, para fazer isso, têm que gerar caixa para bancar investimento sem saber quando será o retorno e ao mesmo tempo para obter resultados. Só há uma alternati- va: ter maior retorno no que se faz. A GM vendeu a Opel para a PSA porque passou vinte anos tentando ter lucro na Europa e nunca conseguiu. No Brasil vivemos um pouco disso também: aca- bou o espaço para continuar perdendo dinheiro por mais quatro, cinco anos porque mais à frente há a possibilidade de ganhar. As empresas tiveram que redefinir suas estratégias. dições de negócios locais. Mas temos sim casos de expatriados: o responsável pela engenharia de rodas de alumínio na Itália é brasileiro, por exemplo. Muita gente da indústria e de fora dela está falando hoje em uma crise global à frente. O senhor concorda? O que vemos claramente é uma esta- bilização de demanda dos mercados maduros, mas ninguém fala em crise global drástica, não se imagina queda de 20% a 30% aqui ou ali. Existe sim tendência de estabilização ou peque- na queda nos mercados maduros mas também de crescimento nos mercados em desenvolvimento, especialmente na Ásia. Nos perguntávamos há alguns anos se a produção global de veículos poderia ultrapassar as 90 milhões de unidades e acreditamos hoje que sim, que poderá chegar a 120 milhões, 130 milhões nos próximos anos. E o Brasil? Acreditamos que no médio prazo o ambiente de negócios é positivo. As intenções do governo, as que importam para o Brasil no momento, levam o País para a direção correta: Banco Central independente, investimentos em infra- estrutura, menor participação do Estado dos negócios, redução da carga fiscal das empresas... Mas o governo ainda precisa ganhar experiência em como tratar esse tipo de assunto, a execução é a chave. Eu sou mais otimista do que pessimista, mas as coisas não aconte- cerão de forma simples, não será um mar de rosas. O Rota 2030 abre boas perspectivas para a indústria de autopeças? Uma das grandes virtudes do Rota 2030 é a previsibilidade, a visão de longo prazo. Todo o esforço na redução de emissões, de eficiência energética, é positivo. No P&D algumas empresas conseguirão se beneficiar e outras não, pois há níveis mínimos de investimento atrelados.

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