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103 AutoData | Outubro 2019 O mercado de caminhões deverá crescer menos em 2020 ante 2019, e todos os executivos da indústria estão muito satisfeitos. Isso não sig- nifica que todos enlouqueceram e muito menos que há descompasso de demanda e oferta, com alguma espécie de falta de capacidade para atender aos pedidos – aliás, longe disso. O que ocorre é que este crescimento serámenor apenas porcentualmente falan- do, e daí o regozijo das cúpulas de admi- nistração locais das fabricantes de veículos comerciais: finalmente a base de compara- ção voltou a níveis razoáveis, graças a dois anos de avanço bastante acelerado, por sua vez registrado em função de números assombrosamente baixos nos exercícios anteriores que sucederam justamente a volumes bastante positivos. Recapitulando: o melhor ano da histó- ria do mercado nacional para caminhões foi 2011, quase 173 mil. Depois vieram três anos ainda na casa da centena, 2012 com 139 mil, 2013 com 154 mil e 2014 com 137 mil. E aí a coisa começou a desandar, junto com toda a economia. Em 2015 foram 71 mil, queda de 48%. Em 2016, ponto mais baixo dos últimos anos, apenas 50,5 mil, redução de 29%. Em 2017 a curva parou de cair com 52 mil, leve avanço de 3%. Em2018 a recuperação veio para valer, com 76 mil, em avanço de 46%. E em 2019 este novo fôlego se mantém, com 65 mil unidades até agosto, crescimento de 41%. 2015 2016 2017 2018 2019 2 947 9 433 Fev Jan Fev Mar Abr Mai Jun Ago Jul É bem verdade que estes 41% devem se reduzir, mais uma vez apenas porcen- tualmente falando, até o fim do ano, dado novamente o efeito da base comparativa maior, agora pelos números mais robustos do segundo semestre do ano passado. Pelos cálculos de Ricardo Barion, diretor comercial da Iveco para a América do Sul, “devemos alcançar crescimento próximo a 30% no mercado total de caminhões este ano”. Para ele o mercado ao fim de 2019 representará “patamar razoável”. O termo razoável tambémpode se apli- car às impressões do presidente daMerce- des-Benz, Philipp Schiemer, que descarta o uso da palavra euforia para descrever o desempenho do mercado nos últimos dois anos – a expressão mais adequada mesmo, alega, é alívio. A razão ele elenca ao lembrar que mesmo com o avanço “o mercado era de 150 mil caminhões por ano e ainda estamosmuito distantes desse volume”, acrescentando ainda que uma das encrencas é que “a indústria inteira di- recionou investimentos para produzir esse patamar” – ou seja, ainda há muita sobra de capacidade.

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