366-2020-05

13 AutoData | Maio 2020 fornecedores, mão de obra, impostos etc. É uma condição inédita, precisamos de uma ajuda articulada, do governo, bancos públicos e privados. Uma linha de crédito com custos competitivos, dentro da realidade da taxa Selic e da urgência do momento. Botelho – É uma discussão intensa, há várias ferramentas mas nenhuma em- presa conseguirá sobreviver sem uma ajuda muito prática do governo federal com relação à liquidez. Isso tambémvai ajudar a garantir o retorno da atividade o mais rápido possível, o que por sua vez ajudará a tampar o buraco do caixa dos últimos dois meses. Abrem-se novas oportunidades de na- cionalização? Zarlenga – No curtíssimo prazo será difícil, ninguém tem dinheiro para gastar em projeto, engenharia, validação etc. Todos os projetos [de novos modelos] foram adiados. Haverá oportunidades pontuais, sim, mas não acho que será uma grande tendência. Filosa – Sim, emBetim a nacionalização é de 90% e em Pernambuco de 70%, é onde temos mais oportunidades e buscaremos dar prioridade. Queremos atrair novos fornecedores para lá, e eles querem ir mas, agora, temos que ver quando será omelhor prazo. O risco-País aumentoumuito, mas mesmo assim ten- taremos cumprir o cronograma. Estamos conversando atualmente com quarenta fornecedores a respeito. Botelho – Antes da crise já estávamos buscando alternativas para o alto custo de importação de componentes. É claro que nesse momento temos uma des- valorização do real muito forte. Haverá um ‘novo normal’, teremos que revisitar alguns conceitos mercadológicos, va- mos aprender comesse processo. O que temos de nacional temos que garantir que continue sendo nacional. Teremos uma redução dos volumes e a forma com que as montadoras apoiam a na- cionalização mudará. Essas discussões serão mais intensas, a pressão de custo será muito grande. Sebbagh – Quando falamos em itens de segurança e e ciência energética toda a cadeia terá que rediscutir prazos de chegada obrigatória ao mercado. Es- tamos indo para uma nova realidade de volume, que deve ser abaixo de 2016, algo como de 1,9 milhão a 2 milhões de unidades no Brasil. Precisamos de um mínimo de volume para ter escala e investir em novas tecnologias. Há in- certeza nesse momento, nacionalizar também requer investimentos, enge- nharia etc. Qual a tendência para os preços? Zarlenga – O que vai acontecer é au- mento de preços dos veículos. Já estava acontecendo desde abril, e vem mais por aí. Teremos que repassar o aumento do dólar, que já está na casa de 40%. Botelho – Com certeza veremos no- vamente redução de volumes e assim haverá impacto no preço dos carros e das peças, pois haverá logística adicional para retomar emuma basemuitomenor. Como cam os investimentos e novos produtos? Zarlenga – Temos que entender como será a indústria nos próximos anos, os volumes. A partir daí é que vamos es- tudar as necessidades de investimento. Hoje está adiado por necessidade de preservação de caixa. Filosa – Estávamos a pleno vapor com nosso cronograma, de R$ 14 bilhões até 2024 e 25 lançamentos considerando América Latina. Isso deve ficar mais para a frente, alguns projetos devem ser adiados em três, seis ou dozemeses: vamos avançar o plano até 2025. Esse ano prevíamos lançar dois híbridos da Jeep e um elétrico da Fiat, a princípio importados, e passarão para o ano que

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