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15 AutoData | Setembro 2020 “Se não acontecer uma retomada de mercado não há mágica, não tem milagre: teremos que ajustar o tamanho da mão- de-obra da empresa à realidade.” profissionais especialistas em sistemas de transporte para desenvolver traba- lhos para prefeituras e governos. Será umvetor de transformação grande aqui dentro também. Mais um novo negócio. Além disso há ainda a Marcopolo Rail, para veículos sobre trilhos, aMarcopolo Parts para pe- ças de reposição... O futuro da empresa é o da diversificação dos negócios sem perder o ônibus como produto principal? É ummovimento estratégico bem cons- ciente. Quando olhamos o impacto da crise no nosso principal negócio, o ro- doviário, ficamos muito machucados. A nossa sorte é que tivemos ajuda do Caminho da Escola, das exportações, do BioSafe... mas o fato é que não es- O home office parece ter vindo para ficar. Isso pode de alguma forma prejudicar o mercado de fretamento? O que temos observado até agora é o oposto, é o único segmento que está crescendo. Isso acontece justamente por causa da biossegurança: muitas empre- sas proibiram o uso de vans para este tipo de transporte, e temos oVolare. Esse ano a tendência é um certo crescimento. A partir do ano que vem dependerá de como as empresas se organizarão, mas de qualquer maneira o grande contin- gente de fretamento é de pessoal ligado à manufatura, então não acredito que será muito afetado. E no transporte urbano? A pandemia mostrou que o sistema é projetado para trabalhar no limite, comos ônibus, metrô e trens cheios. O que acontecerá? O sistema de transporte urbano no Brasil, sem sombra de dúvida, está à beira do colapso. Até antes da crise a situação es- tava difícil para muitos operadores, per- dendo passageiros para os aplicativos. Ele precisa ser totalmente repensado, e, com a pandemia, mais ainda. Não cabe mais no novo normal uma superlotação dos ônibus, com uma pessoa respiran- do na frente da outra, com o risco da transmissão de vírus. Eu cito sempre o exemplo do 11 de setembro: o padrão mudou, não existia porta de cabine de avião blindada, todo o aparato de se- gurança que passamos nos aeroportos etc. Já se passaram quase vinte anos e este novo padrão permaneceu. No transporte de passageiros por ônibus será a mesma coisa, mudará o padrão. A preocupação com a segurança dos passageiros, que é legítima, terá que ser uma necessidade do operador. Se ele não se preocupar com isso perderá o passageiro para quem se preocupar. Simples assim. Tudo tem que ser re- pensado. Na Marcopolo estamos muito preocupados com tudo isso e criamos uma divisão nova, a Consulting, com tamos muito confortáveis em depender exclusivamente de um setor em termos de rentabilidade. Precisamos buscar al- ternativas. Estamos repensando a pró- pria gestão da empresa, saindo de um modelo mais tradicional, baseado em hierarquia extremamente rígida, para equipes multidisciplinares, trabalhan- do por projetos, com poder de decisão. Com isso aceleramos os prazos e tor- namos a empresa mais ágil. Resumindo, queremos transformar um paquiderme em um leopardo. É o que estamos bus- cando dentro da Marcopolo. Precisamos sermais adaptados às grandes variações de mercado, ao novo normal, à nova realidade daqui para a frente.
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