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19 AutoData | Setembro 2020 Argentina e, assim, ganhar volume e pro- dutividade e aumentar a competividade das fabricantes dos dois países. Uma das metas é reduzir os principais entraves tri- butários e burocráticos nos dois países até 2022. Possíveis acordos comerciais com mais países da região também estão no radar, pois tanto Brasil quanto Argentina não possuem nenhum tipo de acordo no setor automotivo com mais da metade dos países da América Latina, lembrou Herrero: “Precisamos avançar na região e aproveitar essa oportunidade, porque outras indústrias com grande capacidade produtiva também querem vir para cá”. Exportar mais tornou-se um tema ainda mais importante por causa da pandemia da covid-19, pois o mercado global de- verá cair de 91 milhões de unidades, em 2019, para algo em torno de 70 milhões a 72 milhões em 2020, segundo Moraes: “Esse recuo só aumentará a competição das fábricas, das empresas e dos países”. Christopher Podgorski, presidente da Scania, afirmou que “para cada caminhão que exportamos para a Argentina impor- tamos 23 caixas de câmbio, um volume normal para a operação. Existem algumas dificuldades com as licenças de importa - ção, mas nada além do planejado”. Para ele “o período de crisemudou a indústria e nós, como plataforma exportadora, temos que ficar atentos às oportunidades e às novas demandas”. Para Guillermo Prieto Treviño, presi- dente da Aladda, Associação Latino-Ame- ricana dos Distribuidores de Veículos, as vendas de veículos novos nos países da América Latina só deverão retornar ao pa- tamar pré-pandemia daqui a dois ou três anos. Ele revelou números, alarmantes, que indicam que ao fim da pandemia 37% da população da América Latina estará na faixa da pobreza, sendo 15,5% em pobreza extrema. Já Dan Ioschpe, presidente do Sindi- peças, lembrou que “precisamos seguir discutindo formas de tornar a indústria nacional mais competitiva no Exterior. A maior integração na região, no sentido de aumentar o trânsito de peças e veículos, é outro tema relevante”. Seu correlato na Afac, associação das fabricantes de peças e partes daArgentina, Raul Amil, entende que, “como há muitas similaridades no Brasil e na Argentina, o importante é que haja umplano no qual os dois mercados discutam conjuntamente medidas para fortalecer a indústria dos dois países”. Celso Simomura, vice-presidente de engenharia e compras da Toyota, Mar- cos Gisoldi, gerente sênior de compras da Mercedes-Benz, e IvanWitt, diretor de serviços compartilhados, responsável pela área de compras, TI e recursos humanos da Caoa Montadora, debateram o cenário de compras. Para Simomura o dólar mais alto abre a possibilidade do aumento na nacionalização de componentes: “Pode- remos acelerar um pouco esse processo, que também será puxado pelo avanço das novas tecnologias elétricas, abrindo opor- tunidades e desafios devido aos custos e à escala necessária”. Também sobre os elétricos Gisoldi acredita que “os investimentos são muito altos e deverão ser realizados de manei- ra conjunta, porque localmente é muito complicado fazer sozinho. Mas os forne- cedores terão oportunidades de entrar em projetos globais”. Witt ponderou que a nacionalização, “em alguns casos, não é viável: no caso da estamparia, por exem- plo, considerando o custo de investimento, o tempo de vida do produto e o volume de produção, não vale a pena investir. É melhor seguir importando da China”. HARMONIZAÇÃO JÁ Antônio Megale, ex-presidente da An- favea e diretor de assuntos governamen- tais da Volkswagen propôs harmonização regulatória na América Latina para que as empresas instaladas na região possam ser mais competitivas: “Estamos falando de um mercado de cerca de 7 milhões de unidades, um volume expressivo que, integrado, poderia tornar as operações mais sólidas”. Essa medida poderia reduzir os custos operacionais das montadoras,

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