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18 Outubro 2020 | AutoData Muito se fala de aumento de nacionaliza- ção pós-pandemia, até por questões de câmbio e de dependência demercados produtores muito distantes. O senhor acredita nisso? Sim, mas no que diz respeito à segunda razão. A lição que ficou é que eventos podem ocorrer a qualquer momento, fora do controle, que levem a paradas pontuais, e depender de umponto único, ainda mais muito distante, é muito mais arriscado do que se poderia supor. Te- mos que ter uma opção, de preferência próxima. Essa lição está aprendida, até porque estamos vendo na Europa de novo algum fechamento de locais por conta de uma segunda onda da covid-19. O dólar pode até ajudar no curto prazo, mas historicamente a inflação ao longo do tempo minimiza a desvalorização ou então as coisas melhoram e o câmbio aprecia. Por que o Sindipeças não acredita em uma retomada maior também nas ex- portações? Ainda temos dependência muito gran- de de um único mercado, a Argentina, que ainda apresenta cenário muito de- safiador. Quase 70% das exportações iam para lá, e o mercado argentino caiu de cerca de 800 mil para 300 mil. Isso não se resolve rapidamente, e os outros mercados da América do Sul também foram afetados pela covid-19, têmques- tões econômicas. Precisamos sair dessa dependência. A Anfavea está em franca campanha para adiar as novas regras de emissões, tanto para leves quanto pesados. Isso pode afetar os fornecedores? O Sindi- peças apoia essa iniciativa? Entendemos as ponderações da Anfa- vea, especialmente nos pontos em que perdeu-se tempo por causa da pande- mia, principalmente no que dependia de testes com máquinas, laboratórios etc., além do que houve, obviamente, um prejuízo grande, e também ponderando que em um momento de retomada de demanda um eventual encarecimento do produto por inovação tecnológica po- deria retardar essa recuperação. Isso faz sentido, mas do outro lado existe uma preocupação com investimentos que já foram realizados e quase finalizados, que significariam um custo grande, a própria questão da segurança e do nível de emissões, cujos avanços são o obje- tivo de todos, e a nossa aproximação do mundo, pois o atraso em cronogramas poderia nos alijar de oportunidades de exportação. O Sindipeças tem escutado a Anfavea e debatido internamente, mas não temos uma posição, estamos es- tudando e à disposição para conversar. Por enquanto estamos mais assistindo do que participando ativamente. De qualquer forma isso não poderia afe- tar também o Rota 2030? Dependeria do tamanho do ajuste. Pre- cisaria ser analisado item a item, caso a caso. Mas se for um ajuste muito rele- vante pode afetar a ideia de que prazos devem ser cumpridos. “A lição que ficou é que eventos podem ocorrer a qualquer momento, fora do controle, que levem a paradas pontuais, e depender de um ponto único, ainda mais muito distante, é bem mais arriscado do que se poderia supor.” FROM THE TOP » DAN IOSCHPE, SINDIPEÇAS
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