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43 AutoData | Outubro 2020 lhor do que os 30% a 35% esperados para o mercado total. Para 2021 tudo dependerá do compor- tamento do dólar e seu reflexo no preço dos veículos. Mas são boas as possibilidades de um novo crescimento em 2021. ABMW, de seu lado, esperamanter até o fim do ano a redução de 6% nas vendas que registrou até agosto. “Ainda estou no grupo dos otimistas”, diz Aksel Krigwer, seu CEO no Brasil. “O pior já passou e o mercado brasileiro foi um dos que menos sofreu.” OS COMERCIAIS Na área de veículos comerciais o peso da covid-19 também se fez sentir, mas de formamais suave. Para Roberto Cortes, pre- sidente daVWCO, trata-se, semdúvida, de uma incógnita incontrolável e cercada de indefinições, mas que tememconfronto, no outro lado, vários fatores positivos que no conjunto total sãomaiores emais robustos. “Todos os fundamentos da economia apontam para crescimento em 2021.” Cortes dá ênfase para a safra agrícola, que deve ser recorde, alémda construção civil e de investimentos em infraestrutura. Aqui o dólar alto também ajuda: expor- tadores de commodities tendema renovar a frota, anda mais durante fase, como a atual, de juros baixos. AVolvo é outra empresa que se declara otimista com relação às vendas deste fim de ano e do início de 2021, como cita seu diretor executivo, Alcides Cavalcante: “A indústria de caminhões terá redução de 15% a 20% nas vendas até fim do ano. Não é umbomdesempenhomas tambémnão é catastrófico”. A Volvo foi uma das primeiras monta- doras a retomar sua produção, já emmaio. Mas olha para o futuro com relativo cuida- do: “Como todas as empresas do mundo estamos olhando a perspectiva de curto prazo. Nosso horizonte é de três meses”. ADAFvempassando àmargemdas di- ficuldades setoriais geradas pela pandemia. Aempresa, que emoutubro completa sete anos no Brasil, lançou versão renovada de seu modelo extrapesado XF e expandiu em 25% a capacidade de produção de sua fábrica em Ponta Grossa, PR. Segundo Lance Walters, que assumiu a presidência da empresa em janeiro, as projeções indicam aumento de 30% nas vendas da DAF em 2021 ante 2020. A nova geração do XF é vista como uma grande cartada na disputa por posições mais altas no ranking dos pesados, até hoje cativas de Scania, Volvo e Mercedes-Benz: “Com uma maior produção agrícola cresce tambéma demanda por caminhões e nos faz acreditar que sim, é possível ven- der mais em 2021”. A Iveco também projeta crescimento neste ano e, possivelmente, também no próximo. É o feliz resultado da combinação de novos produtos e ampliação da rede, neste caso aproveitando a oportunidade aberta com a saída da Ford Caminhões do mercado. Ricardo Barion, diretor comercial, relata que “continuamos os investimentos emnovos produtos nos piores momentos, abril e maio, e não sentimos retração tão forte da demanda”. RETOMADA DA RETOMADA Em resumo, a gigantesca maioria dos executivos do setor automotivo brasileiro acredita que o pior já passou. Esperamcom afinco o controle definitivo da pandemia, preferencialmentevia vacina, e torcempara que os elementos macroeconômicos do País ao menos se mantenham estáveis, com esperanças de aprovação das refor- mas administrativa e tributária. Como bemelencou Luiz CarlosMoraes, presidente da Anfavea, 2021 não terá con- dições de retomar os níveis de mercado, produção e exportação pré-pandemia, registrados em 2019. A distância é muito grande, mas será o primeiro passo para isso em processo que pode demorar de três a cinco anos, dependendo do que vier pela frente. Só depois de consolidada essa primeira retomada é que o setor automotivo se verá em condições de retomar a retomada em quevinha até 2019, se recuperando da crise de 2016 para então, finalmente, sonhar com os números recordes de 2012 e 2013.

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