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28 Novembro 2020 | AutoData FORNECEDORES » RECONHECIMENTO Juliano Almeida, diretor de compras da FCA América Latina, afirmou durante o evento que proteger a operação local das oscilações cambiais é apenas um dos fatores envolvidos no processo de locali- zação de peças, componentes e subcom- ponentes, que deve se intensificar. Atrair fornecedores estratégicos é, no seu ponto de vista, mais uma forma de acelerar a inovação. Os mais de 1 mil representantes de for- necedores que acompanharam a confe- rência ouviramque os planos de nacionali- zação estão “não apenas emcomponentes importados diretamente pela FCA hoje. Precisamos fazer uma análise na cadeia toda, para identificar subcomponentes que têm alto volume e que podem ser produzidos aqui”. EmBetim, MG, a taxa de nacionalização é superior a 90%, mas emGoiana, PE, está pouco acima dos 55%. O diretor de compras da FCA propôs uma visão mais abrangente de toda a es- trutura de compras, tanto da sua equipe como das equipes dos fornecedores, para que oportunidades hoje ocultas sejam encontradas. Pode ser o caso de um de- terminado subcomponente eletrônico, por exemplo, hoje importado, que tenha volume de aplicação dentro da cadeia que justifique sua produção local mas que não seja identificado na avaliação caso a caso. Há outros mais óbvios, que já estão em negociação, como as transmissões auto- máticas, câmaras de ré e frontais e ESC. “No caso da transmissão automática fizemos algumas abordagens isoladas com fornecedores e realmente o investi- mento para localizar a produção é muito alto. Para piorar há ociosidade na capa- cidade de fornecimento global. Então nosso planejamento é procurar outras montadoras, ou até mesmo a Anfavea, para tentar colocar na mesa um volume que torne essa nacionalização viável. É um componente com peso representativo no custo do veículo.” Almeida espera também relação mais próxima e transparente com os fornece- dores. Para isso pede que a FCA ocupe espaço preferencial com seus fornece- dores – e que as inovações tecnológicas, processuais e de serviços sejam levadas, primeiro, a eles – e uma comunicaçãomais direta, assertiva e transparente. “Buscamos parceria muito além da tradicional relação de compra e venda. Um parceiro de negócios que enxergue no consumidor final o motivo do nosso relacionamento, trocando o tempo perdi- do em disputas comerciais por soluções que visem ao cliente final. Temos que ser firmes e justos com nossos fornecedores.” Em troca a FCA coloca à disposição de seus parceiros oportunidades de expor- tação intercompany e consultorias que visem à melhoria contínua: “Como câmbio nesse patamar, hoje, o Brasil é um dos países mais competitivos do mundo”. Esses projetos de exportação, porém, estão, aomenos por enquanto, em segun- do plano. Aalta demanda pela picape Stra- da e pelos demais modelos Fiat e Jeep, superior à média do mercado, torna Betim e Goiana a prioridade para os fornecedores locais FCA. Junto com a retomada vieram gargalos: empresas que demitirampor não acreditar em recuperação tão rápida dos volumes, outras que não confiaram nas projeções da FCA e relutaram em acelerar suas linhas, alémde dificuldades na impor - tação de peças – a companhia precisou lançar mão de fretes aéreos. O caso da Strada simboliza bem o ce- nário: Almeida disse que a demanda atual supera as expectativas da FCA de antes da pandemia: “Projetávamos produzir 440 unidades/dia e estamos em um ritmo de seiscentos a 650/dia. Desde o lançamento já foram vendidas mais de 26 mil Strada”. Ainda assim a área de compras deverá fechar o ano com 22% a 25%menos inves- timento, em reais, do que no ano passado. Mas poderia ser pior: no auge da pandemia a expectativa chegou a 36% de queda.
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