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6 LENTES Novembro 2020 | AutoData Com a colaboração de Marcos Rozen Por Vicente Alessi, filho Sugestões, críticas, comentários, ofensas e assemelhados para esta coluna podem ser dirigidos para o e-mail vi@autodata.com.br QUE VENHA CARLOS! É incrível como alguns executivos deixam marca forte sobre a própria imagem e não perdem a aura do sucesso, a mítica lendária de resolvedor de problemas. Falo de Carlos Ghosn, o autor da Aliança Renault Nissan Mitsubishi, que sofreu uma brasileiríssima cama de gato aplicada por coleguinhas japoneses provavelmente aliados a um francês aqui outro ali. Escândalo!, prisão e processo e fuga em 30 de dezembro. Chegou-me à tela texto não identificado de alguém que afirma ter feito campanha para que fosse nomeado ministro da Economia do Líbano. Diz o texto que “o homem salvou a Renault e a Nissan, que se dirigiam em alta velocidade para a bancarrota, e tem sólido conhecimento das finanças internacionais”. Credenciais não faltam a Carlos, e são amplamente reconhecidas. Mas... QUE VENHA CARLOS! 2 Carlos não foi nomeado ministro, como se sabe, e “iniciou um programa na Holy Spirit University, de Kaslik, no Litoral do Líbano, para treinar empresários, aconselhar administradores sêniores e ser um berçário para startups. Vai ensinar, também, tecnologias emergentes, como inteligência artificial. Em entrevista disse que quer ajudar na “reconstrução do Líbano” e que está disposto a se empenhar na criação de empregos. O texto segue: “A banca libanesa quebrou, a inflação já provocou protesto popular, a economia afundou, a pandemia assola o país e a explosão no porto de Beirute mostrou que o fundo do poço era mais profundo. Depois que Ghosn consertar o Líbano que ele faça como muitos libaneses e venha para o Brasil, onde nasceu, para dar um jeito em nossa economia. Inshallah!”. Certamente esta é uma presença da qual não se deve abdicar mas a lembrança é óbvia: os caras que estão aí, aqui no Brasil, não têm, exatamente, a simpatia de Carlos. MIURA BY GOBBI Estes nossos tempos sombrios levaram embora, na última semana de outubro, Itelmar Gobbi, que ninguém sabe quem foi sem recorrer ao Google. Foi o criador do mítico Miura em plena Porto Alegre, RS, em 1977. Conheci Gobbi, e também o sócio Besson, da afamadíssima Aldo Auto Capas, quando trabalhava na revista Quatro Rodas, na década dos 80. Os dois haviam se juntado na BessonGobbi para produzir carros esportivos. Era o começo do fim da ditadura civil-militar, por lei equipamentos eletrônico-digitais tinham a sua importação proibida, assim como carros. Gobbi, é claro, preferia carros construídos com chapas de aço mas ficava satisfeitíssimo com seus Miura de fibra de vidro sobre chassi tubular e geralmente com mecânica Volkswagen, como informa a Wikipédia. MIURA BY GOBBI 2 Os italianões choravam quando descreviam sua obra, que somou doze modelos disputados a tapa por quem desejava algo diferente, como, por exemplo, em 1990, um Miura movido a, digamos, freios ABS. Até que chegou o governo daquele presidente cujo nome não deve ser dito diante de menores e senhoras. BessonGobbi tinha lista de espera de três dígitos quando o presidente anunciou a, digamos, abertura dos portos para veículos importados. Fechou em 1992. A empresa investiu, também, na criação de motor homes e no talento de Itelmar como designer de móveis.

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