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50 Fevereiro 2021 | AutoData CONJUNTURA » EXPORTAÇÕES L inhas demontagemociosas, mercado doméstico desaquecido e dólar valo- rizado. O cenário seria favorável para o avanço das montadoras rumo ao Exterior para incrementar os embarques de veículos não fosse a pandemia, mesma razão que influenciou de forma negativa o desempenho das vendas no Brasil. Em 2020 as empresas produtoras de veículos amargaram a terceira queda consecutiva de embarques de modelos made in Brazil: segundo a Anfavea foram enviados a outros mercados 324,3 mil au- tomóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, 24,3% a menos do que em 2019. O cenário fica ainda pior quando as comparações seguem para os anos an- teriores. Em 2017, por exemplo, as expor- tações somaram 766,1 mil unidades – em três anos, assim, caíram para menos da metade. Retornaram ao nível de 2014, que já era de volumes baixos, sendo que o desempenho foi inferior ao de 2013. A tendência, em 2021, é de leve recu- peração. As projeções da Anfavea indicam alta de 9% nos embarques, para 353 mil unidades, com as exportações represen- tando pouco mais de 10% da produção brasileira de veículos. É pouco, atesta o presidente Luiz Carlos Moraes: “O ideal seria que os embarques representassem de 30% a 40% de nossa produção”. Este nível, de acordo com o dirigente, ajudaria a equilibrar a balança comercial. Não é segredo que a indústria, somando Por André Barros A solução não está lá fora Mesmo com o dólar valorizado exportações caem, e pelo terceiro ano consecutivo. Não há perspectivas de melhora tão logo. montadoras e empresas sistemistas, im- porta muitas peças e componentes para compor a produção, o que gera custo em dólar. A receita em moeda forte ajuda a chegar ao que se costuma chamar de hed- ge natural, ou seja, compensar os gastos mais elevados de peças importadas com os veículos prontos exportados com dólar e euro valorizados. O problema é que a indústria não en- xerga muita solução no curto prazo para ampliar volumes de embarques. O prin- cipal parceiro comercial do Brasil, a Ar- gentina, já passava por crise econômica antes da pandemia, o que derrubava o volume de exportações, e não há qualquer sinal de recuperação em 2021. Mercados de veículos de outros países como Chile, México e Colômbia também caíram no ano passado por causa da covid-19 e são neles que as montadoras apostam, apesar dos volumes reduzidos. “Estamos nos esforçando, buscando oportunidades para exportar mais para a América Latina, mais motores e outros componentes para mercados comoÁfrica, Ásia. Já ajuda”, entende Moraes. “O proble- ma é que brigamos com outras fábricas, também ociosas, ao redor do mundo. Já era uma briga acirrada e com a pandemia e o achatamento das vendas globais ficou mais difícil ainda. Cada 1%, 2% de diferença no preço significa perda de contrato.” De novo o grande vilão, segundo Mo- raes, é o custo Brasil: “O dólar mais alto

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