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10 FROM THE TOP » WARREN BROWNE, WP BROWNE CONSULTING Março 2021 | AutoData W arren Browne é um exe- cutivo raiz do setor au- tomotivo. Cursou econo- mia na Universidade de Detroit nos anos 70 e trabalhou por 39 anos na General Motors, até 2009. Durante a década de 90 foi diretor de planejamento da General Motors do Brasil, na qual participou ativamente de profunda renovação da gama Chevrolet no País, com a chegada de modelos como Corsa, Astra, Vectra, Omega e S10. Após sua passagem pela unidade brasileira foi nomeado diretor-geral da GM na Polônia. Ocupou o mesmo cargo depois na Rússia, além de ter sido dire- tor executivo de pós-vendas da GM Europa. Seu último cargo na empresa foi diretor executivo de novos negócios na Europa. De volta a Detroit abriu sua própria consultoria, aWP Browne Consulting, especializada em aná- lise e pesquisa de mercado para empresas do setor automotivo. Nesta entrevista exclusiva, concedida por videoconferência, ele mostrou um ponto de vista da nossa indústria diferente do habitual, diretamente do cerne da cultura automotiva dos Estados Unidos. Confira. Entrevista a Leandro Alves e Marcos Rozen Direto de Detroit Nos anos 90 o senhor conduziu estudo para identificar quando, e se, omercado brasileiro chegaria a 3milhões de unida - des. Algo daquele estudo poderia ainda ser aproveitado hoje? Na época esse foi um pedido de André Beer e de José Carlos PinheiroNeto. Ven- dia-se no Brasil cerca de 1,5 milhão de unidades ao ano e algumas das propos- tas para chegar a 3 milhões seriamapre- sentadas ao governo. Elencamos quatro fatores-chave: 1) baixar os impostos, 2) incentivar o crédito, 3) incentivar a mo- dernização dos veículos e 4) desenvolver mercados de exportação, especialmente América Latina, o que tinha relação com o item anterior. Chegamos às 3milhões porvoltade2009, mas depois regredimos. Aprevisão para 2021 é por volta de 2,4 milhões. O que houve? Poderia estar hoje até na faixa de 5 mi- lhões, dada a capacidade instalada. Na época duas coisas funcionaram: o go- verno brasileiro aceitou algumas das su- gestões do estudo e, ao mesmo tempo, a economia cresceu cerca de 2,4% ao ano nos anos 90 e 3,4% ao ano de 2000 a 2009. Mas de 2010 a 2019 caiu para 1,4% ao ano, ametade. E nos últimos cin- co anos foi só 1%. Minha projeção para o mercado brasileiro em 2025 é de 2,8 milhões de unidades, porque a economia ainda vai crescer pouco até lá. 1% ao ano é muito pouco. Diante deste cenário asmontadoras ain - da podem investir no Brasil levando em conta apenas o mercado interno? Sim, semdúvida. O Brasil ainda é umdos dez maiores mercados do mundo. Um mercado desta magnitude requer pre- sença local para se obter sucesso, não há outro caminho. Um importante presidente demontado - ra no Brasil já disse que os volumes na América do Sul são inexpressivos nos cálculos para uma fabricante alcançar a liderança global. O senhor concorda? Isso é papo furado. Não se pode ignorar

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