375-2021-03

12 FROM THE TOP » WARREN BROWNE, WP BROWNE CONSULTING Março 2021 | AutoData exigências mínimas de conteúdo local que precisam ser atendidas, e não há nada de errado nisso. Até um país gran- de e poderoso como os Estados Unidos têm esse tipo de regulamentação, não se pode fazer qualquer coisa a qualquer preço no México e importar. E a transição para os elétricos? Como acontecerá no Brasil e qual o maior de - safio para os fornecedores? É preciso considerar três coisas: o am- biente de negócios, o produto em si e a política governamental. Falando dos Estados Unidos, não há umbomambien- te para vender elétricos agora porque o galão da gasolina está custando US$ 2,70. E a maioria das fabricantes não tem mais incentivos para vender elétricos, como houve na administração Obama: custam de 10% a 15% mais. No segundo fator omelhor dos elétricos ainda tem só 350 quilômetros de autonomia e demora sete horas para ser carregado. Há hoje um ponto de recarga de elétricos para cada duzentos postos de gasolina. Assimcomo no Brasil as pessoas aqui dirigem longas distâncias e os elétricos ainda não têm a autonomia e nem o tempo e a oferta de carregamento ideais. E quanto às políticas federais? Na China e na Europa os governos já disseram: até 2030 nada mais de carros a combustão. O recado é claro: se você quer continuar a ser competitivo, se quer manter a sua fatia de mercado, tem que se preparar. E há incentivos neste proces- so. Qual a política nos Estados Unidos? Nada. Aqui nós somos cowboys [risos]. os maiores mercados mundiais quando se quer ser líder global, e o Brasil ainda é um dos maiores mercados mundiais. A indústria automotiva nacional vive um cenário de transformações e incertezas. Fornecedores dizemque emmuitas situ - ações não vale a pena investir aqui, que é mais barato importar da China... Eu não acredito nisso. Só se for para fer- ramental ou para autopeças de baixo volume. Importar tem um custo de in- ventáriomuito alto, alémdas dificuldades logísticas. É uma ineficiência. E menos interessante ainda quando considerar- mos que o dólar está acima dos R$ 5. Quem diz que sai mais barato importar está buscando argumentos para alguma negociação. E no caso de um fabricante de transmis - sões, por exemplo? Como justificar um investimento aqui para fabricar câmbio automático, cuja demanda temcrescido claramente? Nesse caso específico eu concordo. Transmissão é uma espécie de commo- ditie, há poucos fabricantes nomundo, e os carros elétricos não têm transmissão. A equação é diferente, mas é um caso à parte. Se falarmos de peças plásticas, metálicas, interior, iluminação, carroceria, tanto faz se for um carro a combustão ou elétrico, as oportunidades no Brasil existeme são asmesmas. Sai mais barato fazer localmente do que importar, e isso valerá inclusive para os híbridos e elétri- cos. Temos que lembrar tambémque há “ Minha projeção para o mercado brasileiro em 2025 é de 2,8 milhões de unidades, porque a economia ainda vai crescer pouco até lá. 1% ao ano é muito pouco.” “ Não se pode ignorar os maiores mercados mundiais quando se quer ser líder global, e o Brasil ainda é um dos maiores mercados mundiais.”

RkJQdWJsaXNoZXIy NjI0NzM=