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12 Abril 2021 | AutoData cisamos nos guiar pelas experiências bem-sucedidas, por ações de baixo custo e alto impacto, por iniciativas que possam reverter de fato a situação sem precedentes que o país vive. Medidas indispensáveis de combate à pandemia: a vacinação em massa é condição sine qua non para a recuperação econômica e redução dos óbitos. 1. Acelerar o ritmo da vacinação. O maior gargalo para aumentar o ritmo da vacinação é a escassez de vacinas disponíveis. Deve-se, portanto, aumentar a oferta de vacinas de forma urgente. A estratégia de depender da capacidade de produção local limitou a disponibilidade de doses ante a alternativa de pré- -contratar doses prontas, como fez o Chile e outros países. Perdeu-se um tempo precioso e a assinatura de novos contratos agora não garante oferta de va- cinas em prazo curto. É imperativo negociar com todos os laboratórios que dispõem de vacinas já aprovadas por agências de vigilância internacionais relevantes e buscar antecipação de entrega do maior número possível de doses. Tendo em vista a escassez de oferta no mercado internacional, é fundamental usar a política externa - desidratada de ideologia ou alinhamentos automáticos - para apoiar a obtenção de vacinas, seja nos grandes países produtores seja nos países que têm ou terão excedentes em breve. A vacinação é uma corrida contra o surgimento de novas variantes que podem escapar da imuni- dade de infecções passadas e de vacinas antigas. As novas variantes surgidas no Brasil tor- nam o controle da pandemia mais desa- f iador, dada a maior transmissibi l idade. Com o descontrole da pandemia é questão de tempo até emergirem novas variantes. O Brasil precisa ampliar suas capacidades de sequenciamento ge- nômico em tempo real, de compartilhar dados com a comunidade internacional e de testar a eficácia das vacinas contra outras variantes com máxima agilidade. Falhas e atrasos nesse processo podem colocar em risco toda a população brasileira, e tam- bém de outros países. 2. Incentivar o uso de máscaras tanto com distribui- ção gratuita quanto com orientação educativa. Economistas estimaram que se os Estados Unidos tivessem adotado regras de uso de máscaras no iní- cio da pandemia poderiam ter reduzido de forma expressiva o número de óbitos. Mesmo se um usu- ário de máscara for infectado pelo vírus, a máscara pode reduzir a gravidade dos sintomas, pois reduz a carga viral inicial que o usuário é exposto. Países da União Europeia e os Estados Unidos passaram a recomendar o uso de máscaras mais eficientes - máscaras cirúrgicas e padrão PFF2/N95 - como resposta às novas variantes. O Brasil poderia fazer o mesmo, distribuindo máscaras melhores à popu- lação de baixa renda, explicando a importância do seu uso na prevenção da transmissão da covid. Máscaras comfiltragemadequada têmpreços a partir de R$ 3 a unidade. A distribuição gratuita direcio- nada para pessoas sem condições de comprá-las, acompanhada de instrução correta de reuso, teria um baixo custo frente aos benefícios de contenção da Covid-1923. Considerando o público do auxílio emergencial, de 68milhões de pessoas, por exemplo, e cinco reusos da máscara, tal como recomenda o Cen- ter for Disease Control do EUA, chegaríamos a um custo mensal de R$ 1 bilhão. Isto é, 2%do gasto esti- madomensal como auxílio emergencial. Embora leis de uso de máscara ajudem, informar corretamente a população e as lideranças daremo exemplo também é importante, e tem impacto na trajetória da epidemia. Inversamente, estudos mostram que mensagens con- trárias às medidas de prevenção afetam a sua adoção pela população, levando ao aumento do contágio. 3. Implementar medidas de distanciamento social no âmbito local com coordenação nacional. O termo “distanciamento social” abriga uma série de medidas distintas, que incluem a proibição de aglomeração em locais públicos, o estímulo ao trabalho a distân- cia, o fechamento de estabelecimentos comerciais, esportivos, entre outros, e - no limite - escolas e cre- ches. Cada uma dessas medidas tem impactos sociais e setoriais distintos. A melhor combinação é aquela que maximize os benefícios em termos de redução da transmissão do vírus e minimize seus efeitos econômicos, e depende das características da geo- grafia e da economia de cada região ou cidade. Isso sugere que as decisões quanto a essas medidas de- vem ser de responsabilidade das autoridades locais. Com o agravamento da pandemia e esgotamento dos recursos de saúde, muitos estados não tiveram al- ternativa senão adotar medidas mais drásticas, como fechamento de todas as atividades não-essenciais e o toque de recolher à noite. Os gestores estaduais e municipais têm enfrentado campanhas contrárias por parte do governo federal e dos seus apoiadores. Para maximizar a efetividade das medidas tomadas,

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