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21 AutoData | Abril 2021 social ou lockdown deva ficar a cargo das autoridades locais. Mas quando olhamos o mapa do Brasil e vemos que quase todas as regiões estão em ver- melho, salta aos olhos que sem uma coordenação nacional as medidas de distanciamento definidas no âmbito regional terão muito mais dificuldade para surtir efeito. Cláudio Frischtak – São duas ques- tões: uma é coordenar e outra é sabo- tar. Um dos objetivos da Carta é pedir: por favor, não sabotem, e tenham a iniciativa proativa de coordenar. E a coordenação deve ser não apenas no âmbito do Ministério da Saúde, que obviamente é o líder quando estamos falando de uma pandemia sem parale- lo nos últimos cem anos, mas também do Ministério da Educação. É funda- mental uma sinalização. Hoje há uma convergência de visões no sentido de que as escolas devem ser as últimas a fechar e as primeiras a reabrir. O fato de nossos estudantes ficarem praticamen - te um ano sem estudo, em suas casas, muitas das quais sem acesso à inter- net, é um atraso pelo qual pagaremos caríssimo. O Ministério da Educação tem sido absolutamente omisso. Não se ouve sequer coisas básicas, como uma orientação sobre ventilação nas escolas. Fizemos até um cálculo de quanto custaria para colocar ventilado- res nas salas de aula de todas as esco- las públicas do País, e os números não são tão elevados quando comparados aos custos econômicos da pandemia. Na Carta apelamos para que atitudes contraproducentes sejam eliminadas das políticas públicas e manifestações de autoridades, e que exista uma si- nalização do governo federal de uma maior cooperação. Esse é o histórico dos demais países. Até os líderes de outros países que foram extremamente céticos no início da pandemia depois se renderam às evidências. Os Estados Unidos aprovaram recen- temente um grande pacote de incen- tivos para estimular a economia local. Algo semelhante não seria importante também para a economia brasileira? Marco Bonomo – Os Estados Unidos estão em outro momento da pandemia, no outro lado da curva e vacinando boa parte da população. Hoje não há dinhei- ro suficiente no mundo para gerar um pacote de estímulos que faça, nesse momento, a economia brasileira crescer mais rápido. Todos os esforços, inclu- sive os recursos empresariais, devem ser aplicados no combate à pandemia. Não haverá recuperação econômica enquanto a pandemia não for superada. A melhor aplicação de recursos agora é no combate à pandemia. Falar em recuperação emV é não enxergar o que está acontecendo. Medidas de estímulo a setores específicos são totalmente ineficazes nesse momento. “ O Ministério da Educação tem sido absolutamente omisso. Não se ouve sequer coisas básicas, como uma orientação sobre ventilação nas escolas.”

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