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28 Abril 2021 | AutoData MARCO » 100 ANOS Daquele pioneirismo absurdo, cheio de pujança e amplo representante da moder- nidade e do desenvolvimento tecnológico, assim como a fábrica, hoje restamdúvidas sobre sua relevância e destino. O aspec - to para quem vê de longe, só por fora, e desconhece o histórico é, claramente, desfavorável. Há impressão de decadência ainda que lá dentro a atividade continue firme e forte, e de maneira que aquele do lado de fora jamais imagine ou desconfie. Isso para não mencionar o fato sinto- mático e a absurda coincidência histórica de justamente a Ford ter anunciado este ano o abandono de suas operações fabris no Brasil, optando apenas por importados para disputar o mercado. Para Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, “sorte do País que detém um setor automotivo robusto como o do Brasil. É um crime se cogitar a desindustrializa- ção do País, nos relegando à condição de colônia fornecedora de matérias primas e produtos primários. Isso é prova de um profundo desconhecimento”. O comentário do dirigente da Anfavea foi uma resposta a Carlos von Doellinger, presidente do IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, que em entrevista ao jornal Valor Econômico afirmou que “a gente tem que se conscientizar que o Brasil precisa apostar em suas vantagens comparativas e competitivas. Não somos bons em produzir material de transporte. Cito sempre o exemplo da Austrália, que tem algumas semelhanças interessantes com o Brasil. Há mais ou menos quinze anos a Austrália tomou uma decisão fun- damental. Eles tinhammontadoras, várias indústrias voltadas para substituição de importação, como o Brasil, e resolveram assim: nós não somos bons nisso, vamos acabar com esse negócio. Fecharam tudo que é montadora, praticamente aniquila- ram a indústria de transformação como a gente conhece aqui no Brasil e em vários países. E resolveram fazer aquilo em que tinham vantagens comparativas e com- petitivas”. Von Doellinger prosseguiu: “Tiraram o sistema de substituição de importações, deram uma guinada total e hoje são gran- de potência no agro, na mineração, nos serviços e tecnologia. Não produzemmais carro nenhum, não produzem equipa- mento pesado nenhum, exceto aqueles

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