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33 AutoData | Abril 2021 ciadas pela Ford significam perda poten - cial de aproximadamente 119 mil postos de trabalho, somando diretos, indiretos e induzidos. A perda potencial de massa salarial é da ordem de R$ 2,5 bilhões/ano, considerando-se os empregos diretos e indiretos. E, ainda segundo o Dieese, haverá queda de arrecadação de tributos e con- tribuições em torno de R$ 3 bilhões/ano. Em comunicado, calculou que “cada R$ 1,00 gasto na indústria automobilística acrescenta R$ 1,40 no Valor Adicionado da economia”. Há, ainda, a questão da balança comer- cial brasileira. Também de acordo com a Anfavea as exportações brasileiras auto- motivas de 2011 a 2020 alcançaram US$ 193 bilhões, enquanto as importações do segmento chegarama US$ 247 bilhões – o fluxo comercial no período, portanto, foi de US$ 440 bilhões. “Se importássemos 3 milhões de veícu- los por ano o saldo da balança comercial seria deficitário emUS$ 60 bilhões a US$ 80 bilhões ao ano. Destruiríamos nossas reservas cambiais, hoje de US$ 360 bi- lhões, em cinco ou seis anos”, calcula o presidente Moraes. “Nós nos tornaríamos uma Argentina, que sofre por falta de di- visas.” A falta de divisas, inclusive, foi jus- tamente um dos temas a impulsionar a criação da indústria automotiva nacional nos anos 60. PARCERIA NA QUEDA Pode-se notar ainda que a indústria automotiva não sofre sozinha: a indústria como um todo, e em particular a de trans- formação, perde relevância no PIB nacional há décadas. De 36% de participação em meados dos anos 80 rastejou para 11,3% em 2020, o menor índice da série histórica iniciada em 1950, segundo a CNI, Confe- deração Nacional da Indústria. ACNI aponta que nos últimos dez anos a economia brasileira cresceu em taxa média anual de apenas 0,3%, enquanto Ele lembra também que “a indústria automotiva potencializa as tecnologias, insumos, infraestrutura e serviços desen- volvidos à dinamização do setor agrícola, pela mecanização da lavoura e melhores condições de escoamento da produção. Esse efeito promocional atinge outros setores, como o de bens de consumo duráveis”. Ou seja, como também bem aponta o almirante Lúcio Meira, figura central no desenvolvimento da indústria automoti- va nacional, no prefácio da mesma obra, “poucas pessoas no Brasil têm ideia do vulto e da importância da indústria au - tomobilística na economia nacional. Para muitos se resume a fábricas terminais onde se produzemveículos a motor, com bomnúmero de componentes sofisticados importados. Na verdade as fábricas termi- nais empregam poucos componentes de produção própria. Fabricamquase sempre a carroceria e o motor e, excepcionalmen- te, uns poucos dos milhares de peças que integram o veículo. Por isso tornava-se quase impossível a instalação desta in- dústria aqui nos anos 50: os fabricantes julgavam impossível a sua vinda porque aqui não encontrariam técnicos, mão-de- -obra especializada, matérias-primas e sobretudo o parque industrial capaz de fornecer-lhes milhares de peças variadas”. De acordo com a Anfavea, citando o BNDES, cada emprego perdido no setor automotivo gera a perda de outros oito postos de trabalho na economia. Segundo a entidade, em dados deste fevereiro, os 120 mil empregos diretos nas montadoras geram 1,1 milhão de empregos indiretos, sendo 357 mil no comércio por atacado e varejo, 95 mil no transporte terrestre, 92 mil em fabricação de peças, 57 mil em limpeza e outros serviços, 42 mil em ju- rídico, contabilidade e consultoria, 34 mil em produtos de borracha e plástico e 30 mil produtos de metal. O Dieese, Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, calculou que só as 5 mil demissões anun-
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