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34 Abril 2021 | AutoData MARCO » 100 ANOS a indústria de transformação encolheu 1,6% ao ano em média. Para Renato da Fonseca, economista`chefe da confede- ração, “não há mais tempo para se atacar um problema de cada vez: a construção das bases para o crescimento sustentado deverá ser feita em paralelo às ações para amenizar os efeitos da crise. A agenda de aumento da competitividade, de redução do Custo Brasil, precisa caminhar em ritmo acelerado”. Também de acordo com a CNI a par- ticipação do Brasil na produção industrial mundial está em queda desde 2009, e em 2019, último dado disponível, caiu para 1,19% ante 1,24% em 2018, novo piso de série histórica iniciada em 1990. Com isso o Brasil caiu para a décima-sexta posição do ranking global, sendo superado, des- de 2015, por México, Indonésia, Rússia, Taiwan, Turquia e Espanha. Até 2014 o Brasil figurava na lista dos dez primeiros. Para Dan Ioschpe, presidente do Sindi- peças e do Iedi, Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, em artigo publicado no jornal Valor Econômico, “o fim das atividades produtivas da Ford no Brasil colocou sob holofote as dificuldades enfrentadas pela indústria brasileira nos últimos anos e a gravidade das distorções do ambiente econômico no qual o setor opera no País. A despeito de suas mo- tivações particulares, a decisão tomada é um indicativo do quanto o Brasil está defasado em termos de competitividade, produtividade e sofisticação tecnológica em relação ao restante do mundo. E, mais do que isso, reflete a ausência de com - prometimento, expresso não apenas no plano das ideias e intenções, mas também em decisões concretas, de que as causas do atraso serão corrigidas sem demora”. Para o dirigente “fica cada vez mais cla - ro que estamos diante de uma encruzilha- da, dadas as profundas transformações tecnológicas em andamento e que devem ser aceleradas no pós-pandemia, com o reforço das estratégias industriais das prin- cipais potências globais. Ou enfrentamos definitivamente nossos problemas ou a perda de competências industriais irá se acelerar, comprometendo ainda mais o desempenho econômico do País”. NENHUM OUTRO Em suma, como bem refletem as pa - lavras de Ramiz Gattás, “nenhum outro assunto ligado à industrialização brasileira, em qualquer setor ou tempo, foi tão po- lêmico e objeto de tantas controvérsias, lutas, marchas e contramarchas como o da criação da indústria automotiva no Brasil. Nenhum outro influiu tanto na vida eco - nômica, política e social do País com tão grandes repercussões na vida de cada um de seus habitantes, beneficiários diretos ou indiretos das transformações que essa industrialização proporcionou”. E apesar disso, assegura comperfeição o autor, “muito pouco se sabe a respeito desse processo, suas origens, seu de- senvolvimento e seus objetivos. Do fra- gor dessas lutas pouco ou nada restou, e o pouco que se conhece nem sempre corresponde à realidade dos fatos, pois muitos deles foram alterados, com no- tórias distorções, o que se constata das críticas de alguns analistas econômicos distanciados do processo pelo tempo e pela desinformação”. Combater de forma vigorosa, em todos os campos e aspectos, esse cenário vigen- te até hoje, um século depois da inaugura- ção da primeira fábrica de automóveis do País, parece ser a única forma da indústria nacional não se ver transformada, em al- guns anos, emmero saudosismo – assim como acabou por ser o destino da planta da Ford na rua Sólon.
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