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40 Abril 2021 | AutoData OPINIÃO » ARTIGO zidos no Brasil são verdadeiras carroças”. Com base neste raciocínio promoveu- -se uma abertura dos mercados, permi- tindo quase que uma invasão total do País pelos produtos importados. Acomparação direta comos veículos importados foi qua- se que fatal para a indústria local e a crise que se seguiu foi enorme, com as vendas de veículos nacionais caindo mais de 30% em 1991 frente a 1990. CÂMARA SETORIAL A situação só começou a ser resolvida com a criação, em 1992, já no governo de Itamar Franco, da Câmara Setorial Auto - motiva, uma iniciativa pioneira que tinha como objetivo principal revitalizar a indús- tria, unindo os esforços das montadoras, fabricantes de autopeças, revendedores, trabalhadores e dos governos tanto federal como estaduais. Cada grupo contribuiu em prol da re- vitalização da competitividade. As monta- doras assumiram o compromisso de mo- dernização. Os trabalhadores congelaram seus salários por um período e o governo criou o Carro Popular, com os impostos sendo quase que zerados numa iniciati- va que, pouco mais tarde, consolidaria a motorização 1.0. Foi nessa época também que nasceu AutoData . Chegava a terceira grande fase do setor automotivo brasileiro, criando as bases para que o País pudesse ter este que é, hoje, um dos maiores, mais modernos e completos parques industriais automotivos do mundo. As montadoras cumpriram sua parte no acordo e, além disso, toda uma leva de novas marcas chegaram ao País, como foi o caso da Chrysler, Renault, Peu- geot, Citroën, Honda, Nissan, Mitsubishi, Audi e Hyundai, no caso dos automóveis, e International e DAF no caso dos cami - nhões. Mais tarde, durante o governo de Dil- ma Rousseff, Land Rover, BMW e Chery também se instalaram no Brasil e mais um caso de empreendedorismo nacional teve início, com a criação da Caoa Montadora que, hoje, é uma é uma das mais impor- tantes montadoras e empresas nacionais, produzindo veículos Hyundai e Chery. FUTURO Neste momento em que o mundo au- tomotivo inicia uma corrida para minimi- zar as emissões de CO2 e está partindo definitivamente para a eletrificação dos veículos principalmente nos países de pri- meiro mundo, o Brasil pode estar prestes a iniciar sua quarta fase desta importante caminhada. Já é sabido que, no início da próxima década, momento já demarcado para a chegada definitiva da eletrificação, boa parte do mundo – Brasil incluído – ainda não terá condições de evoluir no mesmo sentido, tanto em razão do baixo poder aquisitivo da população, como também da infraestrutura local de abastecimento não suportar esta transformação rápida. Isto abrirá toda uma série de oportu - nidades para a indústria brasileira que, além de deter completo domínio sobre a tecnologia do etanol, que poderá com- pensar, com sobras, o problema ambiental nestas regiões mais pobres do mundo, possui toda uma ampla infraestrutura in- dustrial local que lhe possibilitará ser o principal provedor destes mercados, tanto em termos de componentes como até de veículos. O grande desafio, agora, é ser com - petitivo o suficiente para usufruir destas possibilidades. A indústria fez a parte dela e criou toda uma estrutura que precisa para isto. Falta o governo repensar o País e dar as condições que ainda precisamos para assegurar este salto ao futuro. E para quem ficou curioso de saber quemé o Sêo Nestor, seu nome completo é Nestor Nunes de Siqueira. Avô materno dos jornalistas S. Stéfani e Márcio Stéfa- ni, de AutoData, foi arquiteto e, além de ter trabalhado na construção da fábrica da Ford, foi professor da Escola de Artes e Ofícios de São Paulo e foi autor, entre outros projetos, dos dois dragões que en - feitam o portal do Museu do Ipiranga, em São Paulo. Ele foi proprietário de um Ford ‘Bigode’ naquela década de 20.
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