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58 Abril 2021 | AutoData SÉRIE ESPECIAL » ASSOCIAÇÕES CAPÍTULO 3 entendimento no Brasil, que oferece alternativas à eletrificação pura e sim- ples dos veículos? Dan Ioschpe – O Brasil seguirá as ten- dências globais, até pelo efeito favorá- vel que a escala de produção ao redor do mundo trará para a competitividade destas novas tecnologias, como es- tamos vendo com a eletrificação. Ao mesmo tempo podemos influenciar de forma mais significativa, inserindo tecnologias desenvolvidas localmente, como o etanol, no panorama das alter- nativas que devam ser consideradas ao longo do tempo. Para isso preci- samos refletir de forma mais global e menos local sobre estas questões. Luiz Carlos Moraes – No Brasil ainda há incerteza no caminho da descarbo- nização. Existe abundância de fontes de energia e isso pode afetar a decisão a respeito do caminho a ser tomado. Na visão da Anfavea só uma política de Estado seria capaz de estimular a eletrificação da frota, assim como foi feito com o ProÁlcool. Essa política teria de levar em conta aspectos de infraestrutura, tais como geração de energia limpa, distribuição, postos de recarga etc., e de fortes subsídios e estímulos aos consumidores, como ocorre na Europa. Sem isso os veículos híbridos e elétricos continuarão sendo um nicho de mercado: hoje represen- tam somente 1% dos licenciamentos no País. Quanto às alternativas à eletri- ficação as associadas da Anfavea tra- balham em várias frentes promissoras, sobretudo com biocombustíveis, GNV e HVO, o também chamado diesel ver- de. Todas as tecnologias devem ser analisadas levando em consideração o meio ambiente, o desempenho do veículo e aida seus aspectos econômi- cos como, por exemplo, investimentos, infraestrutura, preço e custo de ma- nutenção para o consumidor. Marcos Fermanian – O Brasil foi um dos pioneiros no desenvolvimento de tecnologias verdes para o segmento de duas rodas, reduzindo significati- vamente o impacto de seus produtos no meio ambiente. A eletrificação das motocicletas ainda é uma operação complexa devido à equação Autono- mia x Dimensão x Peso. Isso sem levar em conta os custos de logística de reciclagem. Já a tecnologia flex, da qual somos pioneiros, traz uma série de vantagens como economia, baixas emissões, geração de empregos locais etc. Vale enfatizar que há inúmeros estudos que comprovam as vantagens para o meio ambiente quando se faz a comparação da matriz energética do etanol com a elétrica. Segundo estudo publicado em dezembro de 2018 pelo CNPEM, Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, a simples importação de um modelo elétrico pode ser prejudicial ao Bra- sil, pois criaria dependência externa e comprometeria cadeias produtivas já estabelecidas localmente. Ainda de “ O principal atributo do mercado brasileiro é sua dimensão, que é bastante relevante. E que se soma a sua centralidade na América do Sul e até com relação à América Central.” Dan Ioschpe
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