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80 Abril 2021 | AutoData CONJUNTURA » TECNOLOGIA de duas novas plataformas para veículos elétricos e treinamento dos funcionários. Mesmo assim, ainda em 2019, no 68º IAA, dois anos após, as desconfianças sobre os reais benefícios dos modelos emissão zero e a capacidade da indústria em fazer dinheiro comesses produtos que demandam alta tecnologia dividiam os especialistas sobre as possiblidades de sucesso da eletrificação na Europa. Naquele ano começaram, no Parla- mento Europeu, sem a participação da indústria automotiva, as discussões que sugeriam redução, em 2030, de 55% das emissões no continente em comparação com os níveis de 1990. Pareceu demasia - do ambicioso um objetivo para o veículo elétrico que, em 2019, representava 2,3% das vendas no continente, com 316 mil unidades comercializadas. Aquele desempenho deixou claro que o consumidor ou não tinha interesse no carro elétrico ou que este novo produ- to ainda estava muito distante das suas possibilidades econômicas. E é aqui que retomamos a trilha do problema inicial, que é o custo final da mobilidade elétrica. Considerando que a diretiva da Comis- são Europeia de reduzir em 55% as emis - sões no continente em 2030 seja confir - mada este ano, as montadoras precisarão oferecer ao mercado europeu 30 milhões de veículos elétricos até o princípio da próxima década. O número sugere uma grande oportu- nidade, mas Carlos Tavares adverte que essa demanda deve gerar aumento de 40% no preço das baterias, porque há pou - co estímulo governamental para que esse item seja produzido na região. Importar todas as baterias da Ásia, atualmente o maior fabricante global, além de um equí - voco estratégico prejudica sobremaneira a equação de custos: “Não haverá tempo suficiente para preparar essa transição. Se barrarem os outros modelos deixaremos parte dos consumidores fora do mercado”. O desafio atual do executivo que assu - miu a liderança da recém-formada quarta maior fabricante global não difere do ob - jetivo das outras montadoras tradicionais, ou seja, buscar o menor custo possível para os itens elétricos e eletrônicos da nova geração de veículos e tornar esses produtos acessíveis ao consumidor médio europeu. Mas os caminhos apontados até agora para um alinhamento global dos custos da eletrificação automotiva ainda não encontraram esse denominador comum. Algumas iniciativas sugerem, no entanto, que os pioneiros dentre as montadoras tradicionais podem levar vantagem na próxima década. Ousada em 2017, depois quemudou os rumos da sua estratégia após o escândalo do Dieselgate, a Volkswagen segue firme em seus planos de eletrificação, demons - trando que pretende ser protagonista na massificação dos carros elétricos. Para o problema das baterias ela mesma deci - diu construir seis fábricas na Europa, com capacidade de produção de 240 Gigawatt- -hora por ano, o suficiente para abastecer de 4 a 5 milhões de carros elétricos a partir de 2030. Imediatamente suas ações subiram 5% na bolsa de Frankfurt, em 17 de março. E os papéis dos seus atuais fornecedores de baterias, de origem coreana, tiveram que - das expressivas. A VW não esconde sua ambição de abocanhar 70% das vendas globais de carros elétricos na próxima dé - cada. E ela não está sozinha nessa parada. Neste momento a análise do valor das montadoras tradicionais que apontaram firmemente seus negócios para o rumo da eletrificação tem passado por uma re - avaliação pelo mercado financeiro. O que é uma ótima notícia. Ford e General Mo - tors seguem a pioneira Volkswagen com valorizações consistentes de suas ações. Diante de tamanha complexidade para definir com clareza como serão os negó - cios automotivos após a transição para a eletrificação – e ainda tendo dúvidas sobre se o veículo elétrico é a solução definitiva contra o aquecimento global – a Europa procura encontrar uma forma de conduzir a sua indústria automotiva nesta disputa que, por enquanto, tem Tesla e China como protagonistas.

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