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10 FROM THE TOP » JAIME ARDILA, HAWKSBILL GROUP Maio 2021 | AutoData O setor automotivo brasileiro se lembra muito bem do colombiano Jaime Ardila, ainda que ele tenha deixado a presidência da General Motors do Brasil – e a companhia – já há seis anos, em 2015. Ele mora atu- almente em Miami, FL. Na época Ardila disse que pre- tendia se aposentar e curtir mais a família, mas sua força de trabalho falou mais alto. Junto a outros dois colegas igualmente ex-General Motors, Bob Ferguson e Timothy Lee, fundou em 2016 o Hawksbill Group, empresa de consultoria estratégica não por coincidência sediada emWashington, DC. Concomitantemente ele ainda é hoje integrante dos conselhos de Accenture, Goldman Sachs Asset Management, Nexa Resources, empresa ligada à Votorantim Me- tais, e Ola, empresa indiana con- corrente do Uber. Nesta entrevista exclusiva, concedida por videoconferência no início de maio, Ardila ofereceu seus pontos de vista sobre os de- safios e o futuro do setor automo - tivo no Brasil e no mundo. Confira a seguir os principais trechos da conversa. Entrevista a Leandro Alves e a Marcos Rozen Carapaça grossa Qual a sua visão sobre a indústria auto- motiva nacional hoje, a partir dos Estados Unidos? Está extremamente complicado. O ideal, por causa da pandemia, é comparar 2021 com2019, e o quadrimestre ainda foi bem inferior a um resultado que já era menor do que os anteriores. A indústria estava apenas começando a se recuperar. Na questão da demanda sou relativamente otimista, pois acredito que a economia brasileira vai ser recuperar. Se a vacina- ção caminhar bem, os juros ficarem em patamar razoável e houver equilíbrio das contas públicas as perspectivas não são ruins. Está começando um forte ciclo de commodities, o que é muito favorável para o Brasil. Os preços do minério de ferro e da soja estão em níveis muito al- tos, e acredito que esse ciclo dure dois, três anos. O setor externo, novamente, deve ser a fórmula para a economia se recuperar, ajudando a demanda, inclu- sive de veículos. Mas do lado da oferta a situação é mais complexa, porque além da covid-19 ter atrapalhado a operação dasmontadoras aconteceu a escassez de semicondutores, e nãovejo essa situação ser solucionada emcurto prazo. Creio que deve prosseguir pelomenos até o fimdo ano. O Brasil não terá prioridade nesse tema, porque os carros produzidos nos Estados Unidos, por exemplo, sãomuito mais rentáveis. Qual a sua avaliação estratégica sobre a concentração mundial da produção deste item? O mesmo não pode ocorrer comoutros, comobaterias paraelétricos? São vários tipos de semicondutores, mas dos mais sofisticados, o que estão sen - do usados nos veículos novos, 80% da produção é emTaiwan, não na China. Há um risco geopolítico muito grande, pois existe a disputa da China com os Esta- dos Unidos pelo controle de Taiwan. Os chineses têmameaçado retomar Taiwan à força, caso se sintam levados a isso, e os Estados Unidos têm um compromis- so assinado de defender Taiwan. Então o que Taiwan está fazendo, de forma muito inteligente, é tentar equilibrar e deixar todo mundo feliz: vai uma parte grande para a China e uma parte grande para os Estados Unidos, ficando apenas uma terceira parte, muito pequena, para

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