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12 FROM THE TOP » JAIME ARDILA, HAWKSBILL GROUP Maio 2021 | AutoData infraestrutura, com investimentos fede- rais, e ainda gerar condições para que os veículos sejam produzidos localmente. Não acredito que isso ocorrerá nos pró- ximos dez anos. Isso pode representar uma oportuni- dade para nossa indústria, atendendo commodelos a combustãomercados de características semelhantes às nossas? Acredito que sim. O Brasil e aAmérica do Sul podem transformar isso emoportuni- dade, pois haverá ferramental disponível a customínimo que poderá ser usado no País para atender ao mundo emergente que ainda demandará veículos a com- bustão e talvez, até, eventual substituição de parte do parque dos países avançados emque ainda semantenha a combustão. E asmilhares deempresas queproduzem peças para veículos a combustão? Essemercado de reposição ainda durará muito tempo: a frota mundial circulante é gigantesca, e não haverá uma substi- tuição completa dela para elétricos de uma vez só. Ainda haverá um mercado bem importante. Tambémvejo aqui uma oportunidade: as grandes sistemistas globais vão vender esses negócios para se concentrar nas novas tecnologias, e investidores brasileiros poderão apro- veitar esta oportunidade. Já há fundos de investimentos chineses fazendo isso. E o que o senhor pensa sobre a saída da Ford do Brasil como fabricante local? Há risco de outras montadoras tomarem o mesmo caminho? Eu já esperava. A Ford globalmente está em uma situação difícil, precisa se con- centrar em novas tecnologias e estava ficando para trás nisso. AAmérica do Sul nunca foi um bom negócio para a Ford, ainda que seja uma marca importante e reconhecida na região. Foi umcaso espe- cífico, precisavam fazer isso, mas agora, só com importados, evidentemente não terãomais do que 2% a 3% demercado, é uma oportunidade para as outras reparti- remo que restará, e já está acontecendo. outros países. Os Estados Unidos estão investindo para aumentar sua produção, mas demorará de dezoito meses a dois anos. No caso das baterias é um pouco diferente: a maior produção, de longe, está na China, mas outros países estão avançando relativamente rápido, como Coréia do Sul, Estados Unidos, Europa e Índia. A briga não será pela produção e pela montagem das baterias, mas sim pelos insumos: cobalto, níquel, cobre e lítio estão concentrados em poucos países, especialmente lítio e cobalto. É nessa área que se dará uma disputa a longo prazo. O senhor conhece muito bem a GM. A empresa anunciouque até 2035 todo seu portfólio será elétrico. Isso é realmente factível? Valerá também para a GMB? Acredito que sim, acontecerá até 2035. Os novos investimentos estão todos nos carros elétricos, emcinco anos não have- rámais desenvolvimento emplataformas paramodelos a combustão. Haverá uma massificação da produção e venda de elétricos nos Estados Unidos. Oproblema hoje não estámais no custo da bateria, na escolha do consumidor etc, mas sim na infraestrutura de carregamento. O plano da administração Biden émuito agressivo nesse ponto: queremcriar 500mil novos pontos de recarga até por volta de 2025, o que já seria próximo do que há de postos de gasolina hoje. Mas, infelizmente, não acho que isso vá se estender ao Brasil. Não vejo como, pois creio que demo- rará mais tempo. No começo é preciso subsidiar, e o governo não tem como fazer isso em curto prazo. É preciso criar “ Se até o fim de 2022 a situação não melhorar consideravelmente não será surpresa outra montadora no Brasil fazer o mesmo que a Ford.”

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