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16 FROM THE TOP » JAIME ARDILA, HAWKSBILL GROUP Maio 2021 | AutoData tínhamos antes, então os produtos são igualmente maiores e mais sofisticados. Não é possível fazer umnovoCelta a par- tir de um Onix, então... Acho que isso não acontecerá mais. O cliente tambémnão vai aceitar bem, pois ele está sempre esperando mais, não menos. O que falta para a América do Sul real- mente se tornar umplayer importante na produção global de veículos? Do lado das montadoras tem sido feito um bom trabalho, com redução de cus- tos, qualidade dos produtos, processos de manufatura idênticos aos de outros países. Uma escala maior ajudaria, mas o que dificulta mesmo é, primeiro, a de - manda: a capacidade de compra é baixa, é preciso umesforço enorme do consu- midor para adquirir um automóvel. Fi- nanciar ainda é caro: nos Estados Unidos você parcela umcarro em três anos com juro praticamente zero. Segundo: os níveis de impostos sãomuito altos, representam fonte de recursos fiscais importantes para os países, o que não acontece nos Esta- dos Unidos, por exemplo. E em terceiro lugar a volatilidade cambial, que torna o negócio extremamente difícil e de alto risco. Hoje você é rentável e amanhãmu- dou tudo. Quando se fala de volatilidade de dólar, euro, moedas asiáticas, é dentro de umamargemestreita. Para o negócio automotivo essas variações violentas que ocorrem nas moedas da América Latina são devastadoras, porque há umgrande nível de importação tanto nas montado- ras quanto nos fornecedores. Estabilidade cambial seria o fator decisivo para uma indústria automotiva mais próspera na região. Não há planejamento estratégico que resista? Não há como fazê-lo porque é difícil fazer previsão sobre o câmbio, a não ser que será volátil. A única forma seria produzir absolutamente tudo localmente, mas isso é muito caro e a escala não justifica. Vamos pegar um exemplo: o mercado brasileiro passou a preferir câmbio auto- mático. A transmissão é uma parte bem significativa do custo de um veículo, e não há produção local de câmbio au- tomático, tem que importar. Você fica exposto às variações cambiais, o risco se torna muito alto. E quem investirá em uma nova fábrica de transmissão automática se os carros elétricos não têm transmissão? Ninguém. Mas pode acontecer que o ferramental dos países desenvolvidos não seja mais utilizado e então isso po- deria ser integrado localmente semcusto. Pode acontecer emalgummomento, se as matrizes se voltarem totalmente para os elétricos. Oacesso a linhas de créditomais baratas fará comque as empresas invistammais e definitivamente em suas políticas de ESG [sigla em inglês para Environmen- tal, Social andCorporateGovernance, ou governança ambiental, social e corpora- tiva]? Esse é o melhor incentivo? Essa parte tem realmente se tornado muito relevante dentro das empresas. Antes o ESG era uma questão de apenas mencionar no relatório de sustentabili- dade, que ninguém lia. Citava-se coisas bonitas que você estava fazendo para a comunidade, que tinha mais mulheres no conselho etc, e pronto. Agora é bem mais relevante e complicado. Na parte “ A indústria não atingirá seus objetivos de longo prazo em termos ambientais se não se preocupar com a geração de energia.”
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