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6 LENTES Maio 2021 | AutoData Com a colaboração de André Barros e de Marcos Rozen Por Vicente Alessi, filho Sugestões, críticas, comentários, ofensas e assemelhados para esta coluna podem ser dirigidos para o e-mail vi@autodata.com.br SE A MODA PEGA Relata a Agência France Presse, transcrita por O Estado de S. Paulo na quinta-feira, 29 de abril, que na França o bossnapping continua em alta, atingindo, agora, sete gerentes de uma fábrica de autopeças mantida pela Renault em Lorient, no Noroeste do país, no meio do caminho de Nantes para Brest. Bossnapping é expressão que junta as palavras inglesas boss, de chefe, com kidnapping, de sequestro. A razão da ação, que demorou doze horas, é que a companhia busca, no mercado, um comprador para fábrica cuja produção não mais lhe interessa e que a Renault já suspendeu. Ou seja: 350 trabalhadores pretendem não perder o emprego. O sindicalista Mael Le Goff, ligado à CGT, Confederação Geral do Trabalho, disse, depois da soltura dos executivos, que estes foram libertados “porque não queriam dialogar, e é inútil tentar negociar com quem não quer se esforçar”. SE A MODA PEGA 2 Bossnapping na França não é exatamente novidade, conta a nota da AFP. Começou no governo de Nicolas Sarkozy, em 2009. Cita a nota que um dos mais dramáticos foi realizado em 2014, quando dois executivos da Goodyear ficaram por duas semanas em dedicação exclusiva ao diálogo com os trabalhadores em Amiens, onde uma fábrica de pneus seria fechada. No ano seguinte foi a vez de trabalhadores da Air France, revoltados com plano de 3 mil demissões, invadirem a sede da companhia, perseguindo executivos e rasgando-lhes as roupas. O FUTURO, O QUE SERÁ Todos sabem que atravessamos momento muito importante, que traz a bordo, provavelmente, as mais notáveis transformações históricas por que passará o setor do desenvolvimento, da produção e da comercialização de veículos no mundo. Trata-se do gradativo abandono do uso dos motores de combustão interna movidos a energia derivada do petróleo e a adoção, massiva, de veículos híbridos e eletrificados e, em algum instante, dos autônomos. Tudo muito bonito, de acordo com a velocidade do progresso da investigação científica ancorada em novos materiais, na mentalidade inovativa, na conectividade e na digitalização, no repensar dos comportamentos e dos jeitos de ser. Mas qual será o futuro em alguns países, como o Brasil, onde todas essas virtudes demorarão décadas a chegar? O FUTURO, O QUE SERÁ 2 Pois no horizonte da indústria, aqui, ser lucrativo parece perspectiva cada vez mais limitada, talvez reservada para os mais fortes, aqueles que só piscam depois de sacar e atirar – se não caírem. Pelo menos 45% do mercado estão açambarcados pelas vendas diretas, geralmente para empresas locadoras, e há montadoras comprometidas com pelo menos 70% de sua produção nessa modalidade de negócio. O PIB não ajuda e suas projeções só se deterioram, o desemprego só faz crescer, o câmbio só faz ferrar quem importa para produzir, a taxa de juros ensaia nova ascensão e a inflação volta a ser ameaça. Exportações ainda tateiam novos mercados. Executivos calculam que nossa indústria de veículos voltará a viver 2013 só em... 2026.
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