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32 Maio 2021 | AutoData MACROECONOMIA » REFORMA TRIBUTÁRIA a pressão de estados e municípios por preservar a arrecadação, e com o tem- po já gasto na análise, além da extinção da comissão mista, estamos céticos com relação a uma reforma que seja ampla.” Adiar mudanças de um sistema fre- quentemente descrito por empresários como caótico, para dizer o mínimo, sig- nifica prolongar o quadro atual em que empresas gastam cerca de 2 mil horas por ano para pagar impostos, contratam advo- gados, auditores e contadores emnúmero sem comparativo em outros lugares do mundo e queimam de 1,2% a 2% do fatu- ramento para lidar com a complexidade e burocracia tributária. Do ponto de vista da indústria vem daí uma boa parte da perda de densidade do setor na economia. Em reuniões recentes como presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o minis- tro Paulo Guedes, várias organizações de setores industriais intensificaram no últi - mo mês a cobrança por mudanças mais ambiciosas do sistema tributário, capa- zes de destravar um crescimento de 20% do PIB, Produto Interno Bruto, em quinze anos. Em comum tiveram como resposta a promessa de empenho na aprovação até o fim do ano. Não houve, no entanto, compromisso com relação ao tamanho da reforma a ser votada. Presente na reunião de Guedes com representantes de setores da indústria de transformação no fim de maio, o pre - sidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, sustenta que “soluções parciais”, como a unificação apenas de impostos federais, não simplificam o sistema e aumentam a carga tributária. “Para se ter um ambiente de segurança jurídica e de previsibilidade a reforma tri- butária não deve ser fatiada, e sim faseada. Ou seja, deve ser completa e abrangen- te, planejada em fases sucessivas e com período de transição para as empresas se adaptarem.” A cada ano, pelos cálculos da Anfavea, só as montadoras gastam por volta de R$ 2,3 bilhões para dar conta das dezenas de impostos e contribuições cobradas no País, com suas legislações especificas e infindáveis normas a serem observadas. Para Moraes não dá para adiar mais uma vez uma reforma, que, acredita, “definirá o futuro industrial do Brasil como polo de geração de tecnologias e de produção na economia global”. 34% AINDA É POUCO Se a estratégia do governo funcionar espera-se redução de 34% do tempo gas- to pelas empresas com a tributação do consumo quando PIS e Cofins transfor - marem-se em uma única contribuição. Pode parecer um avanço significativo em um País onde o sistema tributário é, por vezes, comparado a um manicômio, po- rémmanteria o Brasil distante dos demais países em termos de ambiente de negó- cio. A reforma completa do sistema traria redução do tempo gasto com estrutura- ção de impostos em 68%, de acordo com estimativas feitas em estudo da Endeavor com a EY. “A aprovação da reforma tributária é urgente e não pode ser deixada para o próximo governo. Os efeitos que ela deve gerar serão essenciais para recuperação econômica e social do País após a grave crise causada pela covid-19”, entende Re- nata Mendes, porta-voz do Para Ser Justo, uma frente pró-reforma formada por orga- nizações como Endeavor, o CLP, Centro de Liderança Pública, e o CCiF, Centro de Cidadania Fiscal, do economista Bernard Divulgação/Agência Brasil

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