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40 Maio 2021 | AutoData MACROECONOMIA » CÂMBIO precisam priorizar os investimentos feitos aqui e, assim, manter a aposta na locali- zação. Afora a proximidade com o forne- cedor e outras questões logísticas, temos no País centros de excelência em termos de manufatura para o setor automotivo”. Para Carlos Delich, presidente da ZF, no momento muitas montadoras estão buscando aumentar o índice de nacio- nalização, um aprendizado, segundo ele, que surgiu a partir do avanço da pandemia e dos problemas de abastecimento de peças e partes que surgiram a partir dela: “Afora o legado técnico a indústria nacio- nal tem capacidade, hoje, para atender a um eventual aumento da demanda no mercado interno por causa da busca por mais nacionalização”. MODELO FRÁGIL Pelo lado das montadoras também há crença em maior índice de naciona- lização, mas com ressalvas. Moraes, da Anfavea, afirma que para determinados componentes os volumes atuais utilizados no mercado nacional ainda não justificam uma produção nacional: “Nossa cadeia é forte, mas para determinados volumes e segmentos há peças e partes que ainda não vale a pena nacionalizar, sobretudo aqueles que envolvem tecnologias no- vas”. Um dos exemplos citados são equi- pamentos eletrônicos, especialmente os semicondutores, cuja produção no Brasil é incipiente. AToyota, por exemplo, já articula com seus fornecedores a localização de com- ponentes. De acordo comEvandroMaggio, seu diretor de compras, a empresa man- tém conversas com a Abrasa, a associação de seus fornecedores no Brasil, no sentido de verificar o que poderia ser fabricado localmente: “É uma tendência. Ainda há espaço para aumentar a nacionalização de partes e peças consideradas commodities, como aquelas feitas em vidro, plástico e borracha”. Aquestão cambial, mais do que exercer influência nos resultados do setor auto - motivo ao longo da pandemia, também estimulou discussão conceitual acerca do desenho da indústria como ela é hoje. Não é raro, por exemplo, vozes no setor questionando a fragilidade do modelo de fornecimento: “Apandemia expôs os pontos fracos da indústria, dentre eles como ainda somos dependentes de produtos importados e como isso afeta sobremaneira as nossas linhas quando o câmbio dispara”, diz o presidente da Anfavea. “Vemos lá fora uma certa corrida pela diminuição da depen- dência de produtos importados, algo até ligado a políticas de Estado”. “Mesmo como câmbio alto ainda com - pensa importar alguns itens”, diz Soloaga, da VWCO, que apoia as melhorias estru- turais no País no sentido de se facilitar o fluxo logístico e, assim, reduzir o custo operacional das empresas do setor. “Falta matéria prima, os navios pararamde trazer os insumos. Depender menos do Exterior, em alguns aspectos, ajuda emmomentos de volatilidade e real desvalorizado. Se um navio para em algum lugar do mundo, as montadoras também param.” Reajuste trimestral O dólar valorizado provocou aumento nos preços dos veículos este ano. De janeiro a março o preço dos automóveis 0 KM subiu, em média, 3,36% segundo levantamento da KBB, Kelley Blue Book, empresa especializada na análise de preços do mercado automotivo. Alta nos custos dos insumos, cotados em dólar, foi uma das razões que colaboraram para essa correção nos preços, de acordo com a empresa. Dos dez automóveis mais vendidos no trimestre o Hyundai HB20 foi o que registrou o maior aumento de preço no período, 8,77%, seguido pelo Jeep Compass, que ficou 7,1% mais caro. Em terceiro lugar ficou o Fiat Argo, com reajuste de 4,51%.
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