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104 Agosto 2021 | AutoData OPINIÃO » ARTIGO os outros, da sociedade e da natureza. Além, obviamente, de sofrerem julgamen - tos constantes caso seus produtos não respeitarem valores muito particulares dos clientes. Esta perspectiva nova que toma con- ta das sociedades é aquilo que foge aos olhos dos líderes que continuam foca- dos, para não dizer presos, à operação financeira/industrial de suas atividades. Eles também não encontram tempo para absorver conhecimento multidisciplinar que pode ser útil na sua função de tomar decisões que conduzam à sustentabilida- de nos negócios. A economia circular, por exemplo. Sim- plesmente por confrontar sua abordagem com a economia linear – cujo objetivo cru, daquela linha ascendente no gráfico, é apenas e tão somente gerar riqueza aos acionistas –, não está na lista de priori- dades dos gestores como alternativa de longo prazo para trazer bons, e novos, dividendos à organização. Por causa desse lapso no currículo dos líderes da indústria alguns elos da intrinca- díssima cadeia circular ainda não existem ou, se existem, não estão conectados ao sistema industrial. Hoje sabemos que além de gerar des - perdício, poluição, destruição do meio ambiente e escassez de recursos a abor- dagem linear da economia está deixando de faturar algum ao longo de uma jornada circular dos produtos e de todos os recur- sos de que ele é feito. As empresas ganharam novas respon- sabilidades e esses limites têm se alargado à medida em que valores como transpa- rência, igualdade e respeito foram ampli- ficados nos últimos tempos, sobretudo durante uma catastrófica e inesperada pandemia. Continuar cumprindo a tabela atenden- do apenas ao que está escrito na legisla- ção é um papel pequeno para a indústria e insuficiente para a transformação que está em curso. Grande parte da sociedade já deu a letra: “Contamos com as empesas para, todos, juntos, fazermos deste planeta um lugar melhor”. Aos negacionistas desse movimento sem precedentes a história reservará um espaço: o da extinção. Se o nobre leitor teve a paciência de chegar até aqui estará capaz de compre- ender que as tentações que o ESG oferece para as empresas agora podem ajudar a transformar os negócios nos próximos anos. Mas isso não será nada comparado ao que pode ser feito, que é modificar o contrato social da empresa e tornar uma obrigação. E a partir daí cumprir e extra- polar todos os requisitos que o ESG ou a economia circular exigem do mundo dos negócios. Seja qual for o negócio: sobre rodas, asas ou qualquer outra coisa que se queira vender no planeta.

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