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15 AutoData | Agosto 2021 “Omã e Arábia Saudita já anunciaram projetos gigantescos para produção de hidrogênio verde. Eles perceberam que é mais rentável gerar um combustível que não precisa ser explorado debaixo da terra.” logicamente qual a melhor forma, o melhor custo-benefício. Emquanto tempo teremos, a nível mun- dial, modelos movidos a célula de com- bustível em grande escala? Veículos já existem, como o Toyota Mirai. A própria Toyota prepara no Ja- pão uma fábrica com capacidade de produção de 30 mil unidades por ano deste tipo de veículo. Já podemos con- siderar isso como produção emmassa. E hoje já se entende que para veículos de grande porte não há como ser só elétrico, porque são necessárias muitas baterias. Aqui a célula de combustível faz muito mais sentido e por isso os investimentos estão sendo direcionados mais para esse segmento. Deveremos ter os primeiros caminhões movidos a célula de combustível em 2025. Já existem até alguns caminhões rodando, mas são frotas pequenas. ADaimler investiumuito nessa tecnolo- gia. Por que ela ainda não temmodelos a célula de combustível à venda? De fato ela investiu muito, tanto quanto a Toyota. Mas são culturas diferentes, a alemã e a japonesa, cada uma tem seu ritmo. A Daimler tem tudo, tecno- logia, mão de obra e investimento. Em caminhões começarão em 2025, já foi anunciado. Outros tipos de veículos de- pendem só de uma tomada de decisão. Todos os países que utilizarão hidrogê- nio têm condições de produzi-lo? Os países da Europa e Ásia importarão hidrogênio. Para transportá-lo será pre- ciso utilizar um transporte marítimo, e hoje está em estudo a forma de fazê-lo. Em gás o navio seria praticamente um tanque. Outra opção seria liquefazer o hidrogênio, transformá-lo para líquido, na forma de amônia, ou querosene de aviação, ou usar o e-metanol. O setor marítimo vai usar o hidrogênio, e poderia abastecer o próprio navio. O setor aéreo também vai. Mas ninguém aqui na Europa está falando sobre o etanol, e quem tem que falar sobre o etanol é o Brasil, o setor, mostrar a solução, e que ele pode ser usado para isso, exportado, reformado no destino. É uma área para ser explorada, e há demanda para isso. E os países e empresas petroleiras, como ficam neste quadro? Várias empresas do setor já estão partici- pando ativamente dessa mudança. Aqui no Brasil mesmo a Petrobras participou do projeto dos ônibus movidos a célu- la de combustível no Corredor ABD. A maioria das empresas petrolíferas têm envolvimento nesta nova tecnologia do hidrogênio, elas não querem ficar para trás. Quemnão o fizer vai perder o bonde. Mas eles farão o que com todo o pe- tróleo que têm? As emissões serão reduzidas drastica- mente quando o petróleo deixar de ser fonte de energia. Será o processo opos- to ao do hidrogênio, que era elemento químico e se transformou em gerador de energia. O petróleo se tornará um elemento químico. Ele vai entrar em uma cadeia de economia circular, e isso é necessário. Países como Omã e Arábia Saudita já anunciaram projetos gigan- tescos para produção de hidrogênio verde. Eles já perceberam que é mais rentável gerar um combustível que não precisa ser explorado debaixo da terra.

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