383-2021-11

12 FROM THE TOP » CARLOS ZARLENGA, DA QLP Novembro 2021 | AutoData Quem foi atrás do outro primeiro: o senhor ou o Barry Engle? [Risos] Nós nos conhecemos há muito tempo, mas a decisão foi minha e uma vez que tomei a decisão procurei o Barry. Quem faz parte dessa nova empresa de investimentos? A Qell Latam Partners, ou QLP, nasceu com quatro sócios: Barry Engle, o fun- dador e CEO da Qell SPAC, Francisco Valim, ex-CEO da Via Varejo, da NET, da Oi e da Nextel, um executivo com bastante experiência, o investidor Sam Gabbita, também da Qell, e eu. Qual é o objetivo de adquirir essas empresas? Melhorar as operações, conectá-las em plataformas e depois se desfazer do negócio para obter al- gum retorno? Não é possível fazer aquisições na in- dústria automotiva com mentalidade de curto prazo. Evidentemente no lon- go prazo há oportunidades para fazer muitas coisas com essas empresas, como IPO, dentre outras opções. O ponto é que somos investidores de longo prazo. Buscaremos os ativos que eventualmente não fazem mais sentido para as multinacionais e que sejam capazes de continuar gerando valor com uma gestão mais eficiente e em plataformas. Queremos construir essas possibilidades, mas não ocu- paremos qualquer posição executiva. Acreditamos no nosso potencial como empresa de investimentos porque po- demos concentrar os esforços gerando mais competitividade quando o negó- cio principal é o que está operando aqui, e não perseguindo os objetivos globalizados como o das multinacio- nais. Todos olham as oportunidades na América do Sul sem necessariamente concentrar seus esforços nessa região. A ideia é construir novas empresas, ou plataformas, cujo foco estará nas necessidades locais ou regionais. Isso “ A indústria regional precisa de uma rota de transição diferente do que o resto do mundo está tomando.” Qual foi a motivação para mudar radi- calmente a sua carreira profissional? Eu gosto muito da GM, aprendi muito lá, criei grandes amizades dentro e fora da empresa, foi uma experiên- cia sensacional. Mas também sempre gostei de observar os movimentos de toda a cadeia industrial e de entender como ela é e como poderia ser. Nes- te momento temos uma diferença no timing das coisas que acontecem na América do Sul e lá fora. Enquanto em 2030 diversos países terão 60% das vendas concentradas em veículos mais modernos de emissão zero, aqui serão 15%. Essa transição, que já está aconte - cendo, é três, quatro vezes mais lenta na América do Sul. 80% das empresas do setor automotivo na região são mul- tinacionais focadas na transformação que ocorre em suas matrizes. Então há pouco espaço para construir soluções locais, de ponta, realmente novas. Ou- tro problema é que essas operações não estão olhando para o longo prazo dos mercados sul-americanos. Essa é a oportunidade que queremos traba- lhar: ir até a matriz dessas empresas e adquirir as operações no Brasil, para criar plataformas grandes com outras empresas nacionais e gerar eficiência, reduzir custos, trazer engenharia para cá, desenvolver tecnologias que nos acompanharão por muito tempo. É um momento único na indústria. Eu que- ro ficar no Brasil, gosto muito daqui e da indústria e acho que é o momen- to ideal para lançar uma empresa de aquisições que possa gerar maior valor. Sinceramente, são tantas motivações que não foi uma decisão muito difícil.

RkJQdWJsaXNoZXIy NjI0NzM=