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41 AutoData | Fevereiro 2022 da ANP, a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, gasolina e diesel sofreram aumentos em todos os meses de 2021, somando alta de 44% na média nacional, mas com variações que ultrapassaram 50% em alguns estados. Os seguidos reajustes contaminaram a recuperação econômica e infectaram a inflação tal qual uma epidemia, espa - lhando aumentos que retiram poder de compra da população. Da inflação média ao consumidor medida pelo IBGE-IPCA de 10% em 2021, quase metade, 4,3 pon- tos porcentuais, veio dos aumentos da gasolina, do diesel, do etanol e do gás de cozinha. Dessa forma os aumentos continuam constantes e imprevisíveis. Logo no início de 2022, nas primeiras três semanas de janeiro, o litro da gasolina subiu mais de 1% e já ultrapassava os R$ 8, enquanto o diesel escalou mais de 3%, chegando na faixa dos R$ 6. Além de encontrar re- sistências naturais para reajustar fretes e tarifas na mesma medida as empresas de transportes sequer conseguem acompa- nhar a velocidade dos acontecimentos para renegociar valores: os aumentos dos combustíveis são mais rápidos do que o tempo que se demora para marcar uma reunião sobre o assunto. CARGA VOLÁTIL De acordo com Lauro Valdívia, asses- sor técnico da NTC&Logística, a Associa- ção Nacional do Transporte de Carga e Logística, o diesel representa atualmente em média 35% dos custos dos transpor- tadores no Brasil. É, assim, o maior por- centual da planilha de gastos. Valdívia calcula que os aumentos do combustível, sozinhos, elevaram os custos em 15% em 2021, algo que o reajuste de 8% no frete no começo do ano passado ficou longe de cobrir doze meses depois. “Muitos tentaram negociar um novo aumento do frete no meio de 2021. Nem todos conseguiram, e agora está em cur - so mais uma renegociação. Em alguns contratos já estão previstos gatilhos de reajuste automático em caso de alta do diesel, mas de forma geral só consegue aumentar quem opera em setores nos quais a demanda por transporte é maior do que a oferta, como no segmento de grãos.” O representante da NTC&Logística pondera ainda que os aumentos do die- sel afetammais duramente as operações de longa distância para produtos de baixo valor agregado: “Para quem leva bens ca- ros e roda pouco o preço do combustível não faz tanta diferença, como é o caso de algumas entregas urbanas”. O problema, aponta, é que todos os custos do transporte de cargas subiram: “O que menos aumentou foi a mão de obra, em torno de 8%, mas muitos trans- portadores tiveram de pagar mais para não perder motoristas especializados.

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