386-2022-03
38 Março 2022 | AutoData ANIVERSÁRIO » POLÍTICA SETORIAL meiro acordo em 26 de março de 1992, com medidas que valeriam inicialmente por noventa dias e que depois foram re- novadas até o ano seguinte. A principal iniciativa foi baixar o preço dos carros em 22%, para criar mercado, por meio de uma até então inédita redução de impostos e margens de lucro. O IPI foi reduzindo em 6 pontos por- centuais – para ummodelo 1.0 passou de 20% para 14% – e o ICMS desceu outros 6 pontos, de 18% para 12%. O peso dos tribu- tos sobre os preços, que em 1991 variava de 35,6% a 45%, no ano seguinte caiu para de 17% a 35,3%. Por seu lado a indústria baixou suas margens em 7,5 pontos, sendo 4,5 dos fabricantes de veículos e 3 dos fornece- dores de autopeças. Os distribuidores au- torizados tambémderam sua contribuição, diminuindo a margem de ganho em 2,5 pontos. As reduções dos preços de caminhões, ônibus, máquinas e implementos foi pro- porcional à isenção de IPI, redução do ICMS e inclusão no financiamento com juros subsidiados pelo Finame/BNDES. Os trabalhadores saíram de Brasília com a promessa de estabilidade nos ní- veis de emprego e correção mensal dos salários pela inflação. A Anfavea estima que houve preservação de pelo menos 20 mil postos de trabalho. Apesar da turbulência política, com o impeachment de Fernando Collor em setembro e a inflação acima de 1 000% ao ano, 1992 terminou com a produção de pouco mais de 1 milhão de veículos, 12% acima de 1991 e o melhor resultado desde 1980. No mercado interno foram vendi- das 740 mil unidades, 3,4% abaixo do ano anterior, mas muito acima da expectativa de 500 mil. E as exportações de 342 mil veículos foram as melhores desde 1987. “O principal legado do primeiro acordo foi esse: criou mercado e promoveu o re- nascimento de uma indústria que estava esquecida, mas é estratégica para qual- quer país porque traz desenvolvimento econômico, social, industrial e tecnoló- gico”, destaca Costa. “A Câmara Setorial pavimentou o caminho para os acordos seguintes e criou condições para dobrar a produção de veículos no fim daquela década.” Para Aurélio Santana, diretor executi- vo da Anfavea, a Câmara Setorial teve o mérito de devolver relevância ao setor: “O governo redescobriu e reconheceu a importância de estimular a indústria au- tomotiva como ferramenta para ativar a economia em todos os seus aspectos, com aquecimento da demanda de uma cadeia de produção e distribuição longa”. Apesar da substancial redução de im- postos houve sensível aumento da arreca- Divulgação/VW Divulgação/Fiat
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NjI0NzM=