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40 Março 2022 | AutoData ANIVERSÁRIO » POLÍTICA SETORIAL dação, graças à venda de mais unidades. No primeiro semestre de 1992 o setor recolheu US$ 256 milhões em tributos federais e estaduais, valor que saltou para US$ 356 milhões na segunda metade do mesmo ano. O SEGUNDO ACORDO O êxito do primeiro acordo deu origem ao segundo, selado em 15 de fevereiro de 1993, com nova redução mínima de 5% nos preços por meio de mais cortes de margens e impostos, mas desta vez com fixação de compromissos de investimen - tos de US$ 20 bilhões dos fabricantes de veículos e autopeças, criação de 91 mil empregos em toda a cadeia, 4 mil nas montadoras, e objetivos de produção. O IPI foi cortado em mais 6 pontos porcentuais, caindo de 14% para 8% nos carros 1.0, e o ICMS permaneceu em 12%. Assim o peso dos tributos caiu de 27,1% a 38,4% em 1992 para de 17% a 35,3% no início de 1993. Concordaram em aplicar nova redução de 5 pontos porcentuais em suas margens de lucro os fabricantes de veículos, 3 pp seus fornecedores, e os distribuidores, 0,8 pp. Além de manter a correção mensal dos salários pela inflação os trabalhadores conseguiram o compromisso de aumento real de 20% de 1993 a 1995. Vicente Paulo da Silva, oVicentinho, na época presidente do Sindicato dos Metalúrgicos doABC, co- memorou: “Hámuitos anos acumulávamos perdas, mas é a primeira vez que se faz um acordo para recuperar perdas futuras”. A alíquota de importação já estava re- duzida a 40%, suficiente para manter os modelos estrangeiros bem comportados, longe dos grandes volumes, fechando 1993 com 7% das vendas no Brasil. IMPULSO DO CARRO POPULAR Novo e definitivo impulso foi costurado emparalelo por fabricantes e governo com a criação do programa do carro popular, emmaio de 1993, que estabeleceu a qua- se isenção do IPI, rebaixado a 0,1%, para automóveis equipados com motores de 1 litro ou refrigerados a ar – artifício para incluir no benefício o renascimento do Fusca e que tambémacabou beneficiando a Kombi, de mesma mecânica. O programa estimulou de 1993 a 1994 os fabricantes nacionais da época a apre- sentar nove protocolos envolvendo inves- timentos, somados, de US$ 1 bilhão, pro- metendo lançamento de oito automóveis de até US$ 7 mil e mais onze comerciais leves de até US$ 10 mil. Graças aos preços mais baixos os po- pulares sustentaram por muitos anos a maior parte do crescimento do setor, co- meçando com 27% das vendas no primeiro ano do programa, em 1993, subindo a 40% em 1994 emais dametade a partir de 1996, mesmo depois de o IPI retornar a 8%, em 1995. O pico da participação nas vendas foi em 2001, com 70% do mercado – ou 920 mil unidades. Paulo Butori Renato Rodrigues
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