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42 Março 2022 | AutoData ANIVERSÁRIO » POLÍTICA SETORIAL Nesse contexto não houve mais espaço para negociar reajustes salariais ou redu- ções de tributação. O governo queria a demanda compor- tada para segurar aumentos de preços e a inflação: em fevereiro o IPI dos carros populares foi reajustado de 0,1% para os atuais 8%, com reduções pontuais e pas- sageiras. Ao mesmo tempo a alíquota de impor- tação subiu de 20% para 32%, com pro- messa de ser reduzida gradualmente em 2 pontos por ano até chegar a 20% nova- mente em 2001 – o que nunca aconteceu. Restou a fixação de objetivos futuros para desenvolvimento da indústria au- tomotiva brasileira, com investimentos combinados estimados de US$ 9 bilhões a US$ 12 bilhões nos seis anos seguintes, para lançamentos de novos produtos e ampliação das fábricas para atingir a meta de produção de 2,5 milhões a 3 milhões até 2000. Os objetivos de produção, como se sabe, demorarammais tempo para atingir os níveis pretendidos, até porque a indús- tria já operava no limite de sua capacidade – os 2,5 milhões foram alcançados em 2005 e quase 3 milhões em 2007. Os in- vestimentos foramatémaiores e passaram de US$ 20 bilhões até o fim dos anos 90, mas não por causa da Câmara Automotiva. Ameaçado por milhares de demissões meses depois do terceiro acordo o gover- no foi convencido de que a indústria auto- motiva não tinha condições de competir com os importados em paridade cambial e precisava de tempo para investir e se preparar. Esse tempo foi dado por meio do im- posto de importação de veículos, que em março de 1995, ummês depois de ter sido aumentado para 32%, foi elevado para 70%, protegendo novamente a produção nacio- nal quase até o fim da década – a alíquota foi reduzida gradualmente a 65% em 1996, 60% em 1997 e 45% em 1998 até chegar ao nível atual de 35% a partir de 1999. Omesmo cuidado não foi tomado com a indústria de autopeças. As importações de componentes passaram a pagar alí- quota de apenas 2%, contra tarifas que até aquele ano iam de 14% a 18%. “É verdade que não tínhamos capaci- dade de fornecer os sistemas mais mo- dernos, e não conseguimos financiamento do BNDES para modernizar o parque. Foi uma política desastrada, que provocou Divulgação/Renault
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