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43 AutoData | Março 2022 o fechamento de mais de quatrocentas pequenas e médias empresas da cadeia, enquanto algumas das grandes nacionais foram vendidas a grupos internacionais por um décimo do que valiam”, diz Butori, citando Metal Leve, Cofap e Varga. “Houve simdesnacionalização do setor de autopeças, mas ninguém foi embora. As empresas continuaram aqui com in- vestimentos de empresas multinacionais, forammodernizadas”, pontua Letícia Costa. “O que faltou foi melhorar a produtividade e incentivar a inovação.” O aumento da produção trouxe ganhos de produtividade e qualidade, mas infe- riores ao necessário para competir global- mente. Segundo estudo elaborado pela Anfavea a produtividade brasileira era das mais baixas do mundo em 1990: levava-se 48 horas para se produzir um carro, contra 16 horas no Japão e 25 nos Estados Unidos. Em 1993, a cadência produtiva por unidade montada no Brasil caiu para 39 horas. O NOVO REGIME Em junho de 1995 o governo lançou o Regime Automotivo, desta vez negociado por fabricantes de veículos e governo, sem a participação dos trabalhadores. A nova política industrial privilegiava a produção nacional por meio da concessão de incentivos tributários aos novos inves- timentos de montadoras, incluindo novas fábricas e produtos das já instaladas no País e de novas entrantes, as chamadas newcomers, o que atraiu investimentos calculados em mais de US$ 20 bilhões de vários fabricantes mundiais, fazendo a capacidade de produção avançar para além de 3 milhões/ano e multiplicando para mais de uma dezena o número de marcas de veículos produzidos no País. “O principal legado da Câmara Seto- rial Automotiva foi o reconhecimento da importância da indústria para o País e a criação de um ambiente que garantiu o crescimento futuro do setor, mas aquela fórmula se esgotou”, conclui Santana, da Anfavea. Para ele “faltou incluir já naquela época incentivos à evolução tecnológica, o que só foi feito mais recentemente. É algo fundamental, pois sem isso não va- mos longe, perdemos investimentos para outros países.” Divulgação/Honda

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