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12 FROM THE TOP » MÁRCIO DE LIMA LEITE, ANFAVEA Maio 2022 | AutoData Entrevista a Leandro Alves, Márcio Stéfani e Pedro Kutney Apelo à industrialização O advogadomineiroMárciode Lima Leite, 51 anos, recém- -empossado para gestão de três anos na presidência da Anfavea, temdois temas na sua lista de prioridades, equivalentes em importância. Umdeles o acom- panha desde a infância: a paixão pelo Galo, o ClubeAtléticoMineiro, do qual é conselheiro. “Não gosto de futebol, só do Galo”, diz. Sua outra prioridade à frente da associação dos fabricantes de veículos tomará mais tempo e pa- ciência. Leite assumiu no começo de maio com apelo em favor da retomada da industrialização no Brasil. Ele afirma que vai direcio - nar seu “senso de urgência” para fortalecer e expandir o setor no País: “Sou advogado e contador, mas sou um homem de indústria, sempre trabalhei para o setor. Acompanhei a força da indústria, compreendo como transforma a vida das pessoas”. Leite não é um novato no ofício de negociar interesses da indústria com o governo. Ele é atualmente vice-presidente de assuntos ju- rídicos, tributários e de relações institucionais da Stellantis América do Sul, mas atua em funções pare- cidas há 21 anos no mesmo grupo empresarial – Fiat até 2014, depois FCA e Stellantis desde janeiro de 2021, após a fusão da FCA com o Grupo PSA. Nesta entrevista a seguir o novo presidente da Anfavea fala sobre os desafios de sua gestão e de como pretende defender e promover o setor automotivo na- cional como principal indutor da industrialização do País. No seu discurso de posse na presidên- cia da Anfavea o senhor destacou a necessidade urgente de retomar a in- dustrialização do País. Qual é o grau de desindustrialização do setor automotivo brasileiro? Quando a indústria precisa de um com- ponente, faz uma cotação internacional e identifica se é mais barato importar do que fabricar no Brasil. Quando o investi- mento na produção local não se justifica pode causar desindustrialização aqui. Mas não estamos vivendo um processo desenfreado de desindustrialização, pois o Brasil tem indústria forte. Mas o setor precisa planejar onde vai investir nos próximos anos, para acompanhar a nova rota tecnológica global e não ficar para trás com relação ao resto do mundo. Todos os fabricantes caminharão para a eletrificação, não há dúvida, mas temos de definir o porcentual, quantos carros serão flex, quantos híbridos, quantos elétricos, como incluir o etanol e bio- combustíveis nisso. Somos um País que quer ser grande jogador nesse mercado e não produz transmissões automáticas. Isso não faz sentido. Precisamos identi- ficar com clareza onde o calo aperta e focar investimentos nessas áreas. A globalização como a conhecemos mudará? Isso está sendo revisto, porque depois da desorganização logística causada pela pandemia os países se deramconta de que há necessidade de se ter uma cadeia industrial forte para garantir a

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