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14 FROM THE TOP » MÁRCIO DE LIMA LEITE, ANFAVEA Maio 2022 | AutoData único para colocarmos os problemas sobre a mesa e encontrarmos soluções em conjunto. Nem sempre os objetivos das empresas associadas àAnfavea foramconvergen- tes nos últimos anos. Neste momento há a união necessária para encarar os desafios do setor? Cada montadora tem sua agenda, mas temos o compromisso convergente de alavancar a indústria, de identificar os riscos, de evitar o envelhecimento da indústria, de aproveitar este momento para dar um salto, preparar o que deixa- remos para o futuro. Estes são temas que nos unem na Anfavea mesmo antes de minha posse. Sem essas convergências não teremos a força e o protagonismo necessários para puxar esse setor. Qual é o perfil da indústria automotiva brasileira hoje em comparação com a de trinta anos atrás na época da câmara setorial automotiva? O que nos levou à câmara setorial foi a ociosidade gigante: em 1991 tivemos produção de 700 mil veículos e capa- cidade para 1,2 milhão, com índice bai- xíssimo de motorização por habitante e carros muito caros para os padrões aquisitivos. Hoje estamos emummundo diferente, mas temos desafios parecidos: precisamos construir ummercadomaior e de novo reduzir a grande ociosidade das fábricas. Naquele momento houve convergência de interesses dos diversos integrantes do setor que nos trouxe até aqui, porque há trinta anos presidentes da Anfavea discutiram na Câmara Seto- rial Automotiva o futuro da nossa indús- tria. Essa turma ajudou a transformar a realidade brasileira, deixou um grande legado. Nosso compromisso hoje é o mesmo. O Rota 2030 é exemplo disso, pois integra nossos interesses comuns. Os grupos de trabalho que ajudaram a construir o programa repetiramemparte o modelo da câmara setorial, é uma boa fórmula para encontrar soluções que devemos repetir nas próximas fases. “ Somos a Associação dos Fabricantes de Veículos, trabalhamos para produzir aqui, gerar empregos, investir em pesquisa e desenvolvimento, manter compromissos com os fornecedores” produção. A falta de semicondutores, que paralisou linhas de produção no mundo todo, é um marco desse novo momento, pois mostrou o quanto a in- dústria é dependente de um item que poucas vezes esteve na pauta de priori- dades. Outra questão importante é sobre o domínio de tecnologias estratégicas, que precisa estar no País ou não se tem indústria forte. Os fabricantes de veículos, aqui, têm capacidade de produzir 4,5 milhões de veículos por ano, mas os fornecedores estão muito abaixo desse volume. Esse gargalo indica desindustrialização do setor. Na prática o que a Anfavea pode fazer para mudar este cenário? A Anfavea tem e deve fazer algo, esta é uma das minhas principais missões aqui. Não queremos ser meros distribui- dores de automóveis. O nome da nossa casa é Associação dos Fabricantes de Veículos, trabalhados sob a lógica de produzir aqui, gerar empregos, investir em pesquisa e desenvolvimento, man- ter compromisso com os fornecedores. Temos a grande preocupação de não deixar nenhum elo perdido, inclusive para assegurar o domínio de tecnologias que já temos no País e outras que virão. E para isso não adianta olhar apenas a montadora semolhar para toda a cadeia. A pandemia trouxe grande aprendizado sobre esse processo, porque mostrou interdependências e deficiências do se - tor. Hoje temos uma convergência de interesses. É, portanto, um momento

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