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40 Maio 2022 | AutoData CADEIA DE SUPRIMENTOS » LOGÍSTICA GLOBAL tempo, sua saída cria várias dificuldades, pois existem diversos fornecedores da indústria automobilística instalados lá”. “A China também começa a ficar um poucomais complicada e ainda havia mui- ta produção de componentes no Leste Europeu, que está próximo da Ucrânia”, completa. “Eu acho que serão revistos al - guns conceitos, mas não creio que poderá ocorrer uma reversão no cenário que a gente possa chamar de desglobalização.” Já Cassio Pagliarini, da Bright Consul- ting, acredita que a globalização será re - pensada, mas apenas com componentes mais estratégicos, como os semiconduto- res: “Commodities como aço ou borracha devem continuar do mesmo jeito, porque no fim o custo sempre fala mais alto”. “Por que existem tantas fabricantes de componentes, e não só de autopeças, instaladas na China?”, indaga Pagliarini. “É que, além do menor custo de produção, o país ainda possui um enorme mercado local, e não há tem como competir com isso.” NOVA GLOBALIZAÇÃO Juliano Alex de Almeida, líder de compras e de cadeia de suprimentos da Stellantis América do Sul, concorda com a análise dos consultores: “Acho que esses problemas estão nos obrigando a repensar o que precisamos fazer para seguirmos no mundo globalizado e para tirarmos o melhor proveito disso”. “Obviamente será fundamental en- tender quais são os riscos, mapeá-los e compreender como podemos mitigá-los futuramente. Entendo que teremos um modelo diferente de globalização, não mais como a gente entendia até antes da pandemia.” Uma das alternativas imaginadas pelo executivo da Stellantis é dispor de mais fornecedores localizados em regiões di- ferentes do planeta, até porque, segundo ele, não é possível trazer todos os forne- cedores do grupo para a América do Sul, por exemplo: “Se tivéssemos fornecedores diferentes, de países e de regiões diferen- tes, isso reduziria o risco”. Questionado se essa forma de traba- lhar não poderia resultar em nova con- centração de produção no país ou na região que pratique os preços mais bai - xos, Juliano de Almeida diz acreditar que o caos recente servirá de lição: “Estamos pagando um alto custo, tanto pela preci- ficação dos semicondutores quanto por problemas logísticos, tendo de recorrer
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