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41 AutoData | Maio 2022 a fretes aéreos para garantir a produção. Então acredito que faz sentido adotar um plano com mais fontes de suprimentos”. Já Matthias Kaeding, diretor de com- pras da Mercedes-Benz do Brasil, diz que é importante ter a maior parte de forne- cedores locais, mas sem esquecer que além dos desafios globais o País possui os desafios internos, como os econômicos com taxas e impostos elevados e logísti - cos com a complexidade de transporte: “Alémdisso é preciso lembrar que existem componentes que só valem a pena ser nacionalizados se houver demanda, e isso só ocorre com o tempo”. DESAFIO É REINDUSTRIALIZAR O PAÍS Mas como atrair novas indústrias e fornecedores se as montadoras locais não conseguem sequer chegar perto de atin - gir a capacidade de produção instalada? Para Juliano de Almeida, da Stellantis, a ociosidade existe somente para o produto final, o veículo, mas não na cadeia de fornecedores. “A gente costuma dizer que temos, em média, 60% a 70% de nacionalização, mas quando analisamos mais a fundo vemos que esse índice é bem menor. Existem componentes que sãomontados no Brasil, mas que têm de 50% a 60% de peças im - portadas. Isso mostra que nós não temos toda a tecnologia necessária no País.” De acordo com ele é preciso voltar a promover o desenvolvimento industrial do País com foco nas tendências tecnológi- cas: “O Brasil teve nível de industrialização importante na indústria automotiva, mas o mundo mudou, novas tecnologias chega- ram e a gente ficou parado. Se seguirmos dessa forma corremos o risco de ficarmos ainda mais dependentes das tecnologias que existem fora”. Juliano Almeida alerta para o perigo da estagnação da cadeia produtiva do setor automotivo nacional: “Se continu- armos dizendo apenas que a indústria se capacitou para produzir 4,5 milhões de veículos por ano e está com capacidade ociosa, esquecendo de atender o que o consumidor está demandando atualmen- te, continuaremos parados no tempo e acabaremos tendo de trazer tudo de fora. Acho importante que as montadoras, por meio da Anfavea, o Sindipeças e o go- verno se reúnam para entender qual é o futuro da região. Acho que o ponto crucial é promover a reindustrialização do País, entendendo que temos desafios diferentes do que tínhamos no passado”. iStockphoto
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