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48 Maio 2022 | AutoData NEGÓCIOS » AQUISIÇÃO especialidade da MWM neste processo industrial. Novas linhas de usinagempode- rão ser montadas para além da fábrica de Santo Amaro, incluindo unidades da Tupy no Brasil e no Exterior, especialmente no México, para exportar conjuntos usinados aos Estados Unidos. Emoutra frente a Tupy tambémpoderá se servir do amplo portfólio de peças de reposição da MWM, que conta com 20 mil itens, distribuídos em rede de seiscentos pontos espalhados pelo Brasil. Há também negócios nascentes em vista, contou Luzzi: “ATupy enxergoumuito valor em nossa estratégia de descarboni- zação da matriz energética, por meio da economia circular do biogás”. AMWM já desenvolveu novos motores a gás natural e biometano para caminhões e seus próprios geradores, recordou Luzzi. Agora existem projetos em andamento para oferecer a conversão de veículos die- sel para o gás com esses motores, princi- palmente para operações em proprieda- des agrícolas que podem instalar, também com a sua consultoria, biodigestores para produção de biogás. “Existe um enorme potencial aí que devemos aproveitar nos próximos anos.” PERDA DE VOLUME Por causa da tendência de verticaliza- ção, há dez anos a MWM começou a per- der clientes fabricantes de veículos leves, que passaram a usar motores importados de fabricação própria, como foi o caso das picapes Ford Ranger, Chevrolet S10 e Nissan Frontier. Esse movimento resul- tou no fechamento da fábrica de Canoas, RS, herdada da antiga Maxion, onde eram produzidos esses propulsores e outros, em menor escala, para máquinas agrícolas. Com isso, a MWM perdeu volume e precisou reduzir recursos de desenvolvi- mento. Nos últimos anos focou esforços em fornecer propulsores já na prateleira para maquinário agrícola e para seus ge- radores de energia, além de fabricar mo- tores MAN por contrato para aVolkswagen Caminhões e Ônibus. Há dez anos a MWM parou de fornecer seus próprios motores diesel à VWCO e começou a produzir sob encomenda mo- delos da MAN, que detém a propriedade do projeto, mas a fabricante no Brasil exe- cuta todo o processo, incluindo compra de componentes, usinagem, montagem completa, homologação e testes. Desde 2012 já foram fabricados 200 mil unidades dos modelos D08 e D26, e recentemente o contrato de fornecimento foi renovado até 2027. A MWM também produz, com espe- cificações exclusivas, motores para os caminhões semipesados Volvo VM, fabri- cados somente no Brasil. E equipa ônibus International produzidos pela Navistar no México. Precisamente por causa dessa baixa escala e rentabilidade é bom negócio para a Traton/Navistar se desfazer da MWM, deixando a empresa livre para crescer com novos clientes e negócios. Presa à corporação internacional seria cada vez mais limitada em servir so- mente à operação brasileira de uma das empresas do grupo, a VWCO, única do Grupo Traton que não tem fábrica própria de motores no Brasil ou no Exterior e os compra da MWM desde sua fundação, há 41 anos. Na maior parte do dos seus 69 anos no Brasil a MWM concentrou sua operação em atividade independente, sem igual na matriz no Exterior. Enquanto a empresa controladora na Alemanha se concentrou na produção de motores estacionários e marítimos, nos anos 1970 a MWM passou a desenvolver e a fornecer motores diesel no Brasil para caminhões e ônibus, que rapidamente tornou-se o maior negócio da empresa. Após ter se convertido na última déca- da em fornecedora de soluções de ma- nufatura completa de motores projetados pelos clientes, agora a MWM começa a escrever novos capítulos de sua história, muda de dono e entra na ponta final da verticalização da Tupy, que começa no bai- xo valor agregado de blocos e cabeçotes de ferro fundido e se estenderá até o alto valor de um motor completo.
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