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51 AutoData | Maio 2022 naram inviável a operação, justificando a suspensão de atividades até 2025 e demissões de todos os funcionários da linha de montagem, além de de metade do efetivo de áreas administrativas. De fato, tanto em Anápolis, GO, como em Jacareí a Caoa Cherymonta seus car- ros com índice de partes importadas na casa dos 80%. Contudo, dificilmente mo - delos elétricos teriamnacionalizaçãomaior do que essa, nemhá no horizonte nenhum indicativo de que daqui a três anos o câm - bio seja mais favorável às importações de peças. Por isso é difícil tornar convincente o plano de retomar a produção em 2025. Para o sindicato – e para o bom senso em geral – a promessa é vaga e passível de ser esquecida, especialmente se a situação econômica do País não melhorar. “Não acreditamos na empresa, que já fez inúmeras promessas e não cumpriu”, afirmou Weller Gonçalves, o presidente do sindicato. “Em fevereiro assinamos com a Caoa Chery um acordo de lay-off, a suspensão temporária de contratos de trabalho, quando alegavam falta de se - micondutores para produzir. Desde 21 de março a fábrica está parada e o trabalha- dor em casa, em licença remunerada. O lay-off nunca foi ativado.” O sindicato tenta adiar as demissões até janeiro, com aplicação de lay-off por cinco meses e estabilidade de mais três. A empresa, no entanto, recusa a proposta, afirma que precisa encerrar todas as ati - vidades na fábrica, e oferece indenização complementar às verbas rescisórias de quinze a sete salários extras, dependendo do tempo de casa de cada empregado. NEGÓCIO INVIÁVEL Aumentando temores de que o fecha- mento em Jacareí seja definitivo, a Caoa Chery encerrou a produção e tirou de li- nha o SUV compacto Tiggo 3X, lançado há menos de um ano e que até era o seu segundo modelo mais vendido no País, com 3 mil unidades emplacadas de janeiro a abril. Também foi interrompida na fábrica a montagemnacional do sedã Arrizo 6 Pro, que passará a ser importado da China. “A empresa disse que os custos com a importação subiram muito e muitas das peças vêm da China. Disseram que o pre - ço do contêiner subiu de R$ 3 mil para R$ 7 mil. Mas falaram em importar o Arrizo 6 completo. Há uma contradição nesse discurso”, Gonçalves critica. “No caso do Tiggo 3X alegaramque omodelo não teve êxito nomercado, mas não é isso que falam nas propagandas que circulam na mídia.” O diretor Guirá Borba, sindicalista que trabalha na Caoa Chery, lembrou que no fim do ano passado, durante as nego - ciações salariais, o discurso da empresa era outro: “Promoveram contratações, falavam em expandir a produção para 40 mil unidades e que poderiam ampliar ainda mais o quadro de funcionários. De repente veio isso”. O problema é que Jacareí nunca foi uma unidade economicamente viável. Inaugurada em 2014 pela Chery, que após a sobretaxação do Inovar-Auto decidiu investir R$ 1 bilhão na planta, com ca - pacidade de até 150 mil veículos/ano. A produção, contudo, nunca atingiu nem 10% do teto. A fábrica entrou na sociedade meio-a-meio com a Caoa, a partir de 2017, mas ficou com os produtos mais baratos e menos rentáveis do portfólio. E foi assim que a produtividade não decolou. Em 2021 foram produzidos cerca de 14 mil carros em Jacareí. Somando Arrizo 5, Arrizo 6, Tiggo 2 e Tiggo 3X que eram feitos lá, no ano passado os emplacamentos somaram 12,7 mil unidades, ou menos da metade dos 27 mil veículos vendidos de modelos fabricados em Anápolis, onde de agora em diante ficará concentrada toda a produção da marca no Brasil, na fábrica que pertence ao Grupo Caoa, sócio brasileiro da chinesa. Apesar da paralisação de Jacareí os pla- nos de produção da Caoa Chery para 2022 não foram alterados. Em comunicado a empresamanteve a estimativa de produzir 60mil veículos: “Apausa nos processos in - dustriais de Jacareí será compensada pela intensificação da produção em Anápolis, que está sendo preparada para lançamen- tos já no segundo semestre deste ano”.
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