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61 AutoData | Maio 2022 da Ford, e Camaçari estima que perde R$ 50milhões por ano em tributos municipais. NOVOS RUMOS NA BAHIA Após perder a produção da Ford em Camaçari, unidade que impulsionou o de- senvolvimento industrial da região, a Bahia precisa agora reinventar seu modelo de industrialização. Com larga experiência na área da manufatura da Ford, na época do Projeto Amazon/EcoSport, e responsá- vel pela operação das sistemistas DHL e Flex-N-Gate de 2004 a 2018, o consultor Roberto Resende é umdos colaboradores para formatar o projeto do novo Parque Automotivo de Camaçari. Para ele “a área industrial só será viável com uma montadora de veículos, de pre- ferência uma marca de carros elétricos”, usando o estilo de produção similar ao da fábricas da Jeep Stellantis em Goiana, PE, onde fornecedores estão instalados em unidades independentes dentro domesmo complexo. Resende acredita que é possível reto- mar a produção de automóveis na Bahia, mas somente no médio prazo de pelo menos cinco anos: “Omundo automotivo está mudando. Omercado de automóveis no Brasil tem potencial de crescimento, pode atingir vendas acima de 5 milhões de unidades/ano. Para a Bahia teríamos que atrair uma fabricante para produzir carros elétricos ou ônibus elétricos. É pos- sível produzir também carros de passeio, SUVs e picapes em uma plataforma única e de marcas diferentes. Outra opção é oferecer os prédios e as dependências do complexo automotivo para empresas do setor industrial”. O Polo Industrial de Camaçari tem 43 anos de operação e o segmento auto- motivo quase chegou a duas décadas. O governo baiano avalia que oferece boa in- fraestrutura para atrair novas empresas para a região, com o porto de Aratu, rodovias, polo petroquímico, siderurgia e mão de obra qualificada. O SENAI Cimatec oferece cursos de formação de engenharias mecânica e au- tomotiva, além de desenvolver pesquisas nos campos de tecnologia e mobilidade. De acordo com Júlio César Câmara, coor- denador dos cursos automotivos na região, “estamos inseridos no processo de educa- ção e de produção de automóveis e hoje temos parceria mais forte com a Ford e outras fabricantes no Brasil”. Em um estudo sobre o setor produtivo o economista João Caetano, da SEI, des- taca que o Estado da Bahia deve agora traçar novos planos para futuras políticas de atração de investimentos industriais, valorizando empresas que tragam ativi- dades produtivas complementares e in- dependentes. Segundo o economista a atração de uma nova fabricante de automóveis traria impacto significativo na economia baiana, igual ao registrado na chegada da Ford, com crescimento de 9,6% do PIB baiano em2004: “Isso seriamuito bompara a eco- nomia e para o baiano. Mas pode demorar cinco, dez anos”. No projeto do novo Parque Automotivo de Camaçari estima-se que para atrair uma nova fabricante de veículos é necessário investimento de R$ 1 bilhão a R$ 3 bilhões, para alavancar novamente os negócios de toda a cadeia produtiva industrial, in- cluindo siderurgia, produção de peças e sistemas automotivos e rede de serviços formada por hotéis, restaurantes, merca- dos, creches e escolas. É missão difícil.

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